Câmaras inéditas são achadas em pirâmide de 4,4 mil anos no Egito

Arqueólogo Mohamed Khaled em uma câmara escondida da pirâmide de Sahura | Crédito da foto: Egyptian Ministry of Tourism & Antiquities/Lutz Ziegler

Descoberta de prováveis depósitos destinados a guardar objetos funerários reais na pirâmide de Sahura confirmam suspeitas arqueológicas de quase 2 séculos atrás

Dentro da pirâmide de Sahura, de 4,4 mil anos, arqueólogos descobriram câmaras secretas nunca antes exploradas, confirmando suspeitas iniciadas na primeira escavação feita no local há quase 200 anos. Os achados foram divulgados em 27 de setembro pela Universidade de Würzburg, na Alemanha.

O avanço arqueológico ocorreu como parte de um projeto de conservação e restauração dentro da pirâmide que começou em 2019. A iniciativa é apoiada pelo Fundo de Doação de Antiguidades (AEF, Antiquities Endowment Fund) do Centro Americano de Pesquisa no Egito (ARCE).

Uma equipe egípcio-alemã liderada pelo egiptólogo Mohamed Ismail Khaled, do Departamento de Egiptologia da Universidade de Würzburgo, encontrou as novas áreas, que provavelmente eram depósitos destinados a guardar objetos funerários reais.

O grupo limpou as salas internas da pirâmide, estabilizando o edifício por dentro e evitando novos colapsos. No processo, os pesquisadores conseguiram proteger as câmaras mortuárias, que antes eram inacessíveis.

A documentação cuidadosa da planta baixa e das dimensões de cada depósito melhorou muito a compreensão dos pesquisadores sobre o interior do local. Como parte do trabalho de restauro, os especialistas descobriram inclusive a planta da antecâmara, que se deteriorara ao longo do tempo.

Da esquerda para a direita: Vista externa da pirâmide de Sahura. Uma passagem protegida com vigas de aço | Crédito da foto: Mohamed Khaled / Uni Würzburg
Da esquerda para a direita: Vista externa da pirâmide de Sahura. Uma passagem protegida com vigas de aço | Crédito da foto: Mohamed Khaled/Uni Würzburg

O grupo colaborou com a equipe 3D Geoscan para conduzir pesquisas detalhadas dentro da pirâmide. Os especialistas fizeram uma digitalização a laser tridimensional com o scanner LiDAR portátil ZEB Horizon da empresa GeoSLA. Isso permitiu mapear as áreas externas, os estreitos corredores e câmaras internas.

A parede oriental da antecâmara foi gravemente danificada e apenas o canto nordeste e cerca de 30 cm da parede oriental ainda eram visíveis. Então, os muros destruídos foram trocados por novas estruturas de contenção.

Os arqueólogos também continuaram a escavar vestígios de uma passagem baixa que o pesquisador John Perring já havia notado durante a primeira escavação na pirâmide, em 1836. O egiptólogo britânico suspeitava que o corredor levava a uma série de depósitos, mas relatou que essa passagem estava cheia de escombros e lixo e era intransitável devido à decomposição.

Durante uma exploração do local por Ludwig Borchardt em 1907, a teoria de que poderia haver câmaras secretas na pirâmide gerou dúvidas e outros especialistas também ficaram céticos. Até que a equipe egípcio-alemã finalmente encontrou vestígios de uma passagem – e provou que as observações feitas durante a exploração de Perring estavam corretas.

Ao todo, oito depósitos foram descobertos até agora. Embora as partes norte e sul das salas estejam bastante danificadas, essas áreas ainda trazem vestígios das paredes originais e partes do piso antigo.

Os achados lançam nova luz sobre a arquitetura da pirâmide de Sahura, que foi o segundo rei da 5ª Dinastia (2.400 a.C.) e o primeiro a ser enterrado em Abusir. "Espera-se que a descoberta e restauração dos depósitos revolucione a visão do desenvolvimento histórico das estruturas piramidais e desafie os paradigmas existentes no campo", afirma um comunicado da Universidade de Würzburgo.

*Com informações da 
Universidade de Würzburg via Revista Galileu

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