A equipe liderada por Barnea pediu ao gabinete "tempo e flexibilidade" para poder negociar e "melhorar o acordo"
O Gabinete de Guerra de Israel decidiu nesta segunda-feira (18) enviar uma delegação a Doha para travar conversas indiretas com o Hamas, por meio de negociadores do Catar, Egito e Estados Unidos, sobre uma nova trégua temporária na Faixa de Gaza e uma troca de reféns por prisioneiros palestinos.
A delegação, liderada pelo diretor do serviço de inteligência Mossad, David Barnea, recebeu um "mandato geral" para realizar negociações de forma indireta, embora algumas considerações tenham de ser ponderadas e aprovadas pessoalmente pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant.
A equipe liderada por Barnea pediu ao gabinete "tempo e flexibilidade" para poder negociar e "melhorar o acordo" e terminar de resolver pontas soltas, como o número de prisioneiros palestinos que poderiam ser libertados em troca de reféns israelenses, bem como o aumento da ajuda humanitária, segundo a imprensa israelense.
Estas conversas serão a primeira ocasião em que uma equipe de Israel e outra do Hamas participarão em negociações indiretas desde o início do Ramadã, há uma semana, depois de terem falhado as tentativas dos mediadores de selar um pacto antes do mês sagrado muçulmano, que até agora está decorrendo sem incidentes em Jerusalém, mas com restrições para os palestinos na Cisjordânia.
Os mediadores buscavam uma trégua de seis semanas no Ramadã, mas o Hamas exigiu um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelenses, algo refutado categoricamente por Netanyahu, que ainda neste final de semana deu sinal verde ao plano militar para a ofensiva terrestre em Rafah, no extremo sul da Faixa, onde Israel alega que permanecem ativos quatro batalhões da milícia palestina.
No entanto, os esforços dos mediadores nunca foram completamente interrompidos e, no final da semana passada, o Hamas apresentou uma nova proposta com um plano em três fases, que terminaria em um cessar-fogo, uma ideia que Israel não rejeitou de antemão e permitiu que as negociações fossem retomadas.
A primeira etapa seria uma trégua de seis semanas que incluiria a libertação de 35 reféns (mulheres, doentes e idosos) em troca de 350 prisioneiros palestinos, e que incluiria cinco mulheres soldados por 50 prisioneiros que cumprem longas penas por terrorismo.
Nessa fase, as tropas israelenses se retirariam de duas estradas principais em Gaza e permitiriam que as pessoas deslocadas regressassem ao norte.
Na segunda fase, as partes declarariam um cessar-fogo permanente e o Hamas libertaria todos os reféns vivos restantes em troca de mais prisioneiros; enquanto na terceira fase, os terroristas entregariam os corpos dos prisioneiros mortos em troca de Israel levantar o bloqueio a Gaza e permitir sua reconstrução.
Por enquanto, Israel descartou categoricamente a possibilidade de um cessar-fogo permanente e insiste que irá retomar seu objetivo declarado de destruir o Hamas quando expirar qualquer acordo de trégua.
Tanto o Gabinete de Guerra – de apenas três membros – como o fórum mais amplo do Gabinete de Segurança, reuniram-se neste domingo (17) para discutir a retomada das conversas, paralelamente aos protestos tanto em Jerusalém, em frente à residência do primeiro-ministro, como em Tel Aviv, exigindo um acordo para libertar reféns.
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