Irã condena rapper à morte por 'corrupção' ao apoiar protestos do caso Mahsa Amini

Líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei: país enfrentou nos últimos anos protestos massivos contra o regime | Foto: EFE/EPA/Iranian supreme leader office

A morte de 
Amini provocou fortes protestos que, durante meses, pediram o fim da República Islâmica


Um tribunal do Irã condenou nesta quarta-feira (24) o rapper Tomaj Salehi à morte por sedição, propaganda contra o sistema e incitação à agitação durante os protestos pela morte de Mahsa Amini, a jovem presa por usar o véu islâmico incorretamente, segundo disse seu advogado Amir Raesian à imprensa local.

"A primeira câmara do Tribunal Revolucionário de Isfahan condenou Tomaj Salehi à mais severa punição, a morte, sob a acusação de corrupção no país", afirmou Raeisian ao jornal Shargh.

O advogado explicou que o tribunal considerou as acusações contra Salehi como exemplos de "corrupção no país" e, portanto, proferiu a sentença de morte contra o músico. Raeisian chamou a sentença de "sem precedentes" e anunciou que apelará da decisão.

Salehi foi preso no final de outubro de 2022 e acusado de "corrupção", por apoiar os protestos desencadeados pela morte de Amini, em 16 de setembro de 2022. Um tribunal condenou Salehi em julho de 2023 a seis anos e três meses de prisão, sentença que foi rejeitada em recurso pela Suprema Corte, que enviou o caso de volta a um tribunal inferior para reconsideração.

O rapper foi libertado sob fiança em novembro de 2023, mas preso novamente apenas 11 dias depois.

Conhecido por seu primeiro nome, Tomaj já enfrentou as autoridades no passado e foi condenado a seis meses de prisão e multa em janeiro de 2022 por "provocar violência e insurreição", embora a pena de prisão tenha sido suspensa.

O também cantor Shervin Hajipour foi condenado a três anos e oito meses de prisão por "propaganda contra o sistema e incitação à agitação" por sua música "Baraye" (Pare), que se tornou o hino dos protestos.

A morte de Amini provocou fortes protestos que, durante meses, pediram o fim da República Islâmica e só diminuíram depois de uma repressão que deixou 500 mortos e pelo menos 22 mil detidos e na qual oito manifestantes foram executados, um deles em público.

Muitas mulheres deixaram de usar o véu após os protestos como um gesto de desobediência civil e agora as autoridades trouxeram a chamada Polícia da Moralidade de volta às ruas para impor novamente o uso da vestimenta islâmica.

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