Israel acusou a UNRWA de ligações com o Hamas e alegou que 10% de seus funcionários estavam envolvidos nos ataques de 7 de outubro
O Knesset, parlamento de Israel, aprovou nesta segunda-feira (22) em primeira leitura três projetos de lei destinados a proibir no país as atividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), acusada de ter vínculos com o grupo terrorista Hamas.
O primeiro, que visa proibir a organização de operar em território israelense, foi aprovado em primeira leitura por 58 votos a favor e nove contra.
O segundo, que visa retirar dos funcionários da UNRWA imunidades e privilégios legais concedidos ao pessoal da ONU em Israel, foi aprovado por 63 votos a favor e nove contra.
O terceiro, aprovado com 50 votos a favor e dez contra, busca rotular a agência da ONU como uma organização terrorista, o que exigiria que Israel cortasse seus laços com ela.
Todos os três projetos de lei serão agora devolvidos ao Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset para serem preparados para a segunda e terceira leituras, que são necessárias para que qualquer projeto se torne lei e entre em vigor.
"Não há um dia sequer em que o porta-voz do nosso exército não publique novas descobertas em campo ligando a UNRWA ao terrorismo", declarou a deputada que promoveu as matérias, Yulia Malinovsky, do partido nacionalista de direita Israel Beitenu.
"Consideramos que essa medida emitida por uma autoridade de ocupação é inválida e ilegal. A causa palestina também inclui a questão dos refugiados e seu direito de retornar a seus lares", disse o Hamas em comunicado, acusando Israel de querer liquidar a UNRWA "em violação à lei internacional".
Hussein Al Sheikh, secretário geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), considerou "desrespeitoso" rotular a UNRWA como uma organização terrorista e pediu à comunidade internacional que continue apoiando a agência para que ela "possa prosseguir com seu papel humanitário com um povo que é vítima da ocupação israelense".
A UNRWA presta serviços de educação, saúde e ajuda a refugiados palestinos na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria.
Após o início da guerra em Gaza, Israel acusou a UNRWA de ligações com o Hamas e alegou que 10% de seus funcionários estavam envolvidos nos ataques de 7 de outubro, o que levou mais de cem países a suspender o financiamento da agência.
Nos últimos meses, entretanto, a maioria desses países recuou e optou por manter o financiamento à organização, com exceção de dois de seus principais doadores: Estados Unidos e Reino Unido.
No entanto, há apenas três dias, o novo secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, anunciou que o Reino Unido retomaria o financiamento da UNRWA.
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