Líder do Hezbollah diz que explosões de dispositivos são 'declaração de guerra'

Moradores de Beirute acompanham pela televisão o discurso do líder do grupo terrorista Hezbollah, Hassan Nasrallah | Foto: EFE/EPA/WAEL HAMZEH

"O inimigo foi além de todos os controles, leis e moral", disse


Em um discurso transmitido nesta quinta-feira (19), o líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que as explosões de pagers e walkie-talkies utilizados por integrantes da organização terrorista, atribuídas a Israel, equivalem a uma "declaração de guerra".

"Não há dúvida de que fomos submetidos a um grande golpe militar e de segurança sem precedentes na história da resistência e sem precedentes na história do Líbano", disse Nasrallah.

"Esse tipo de assassinato, ataque e crime pode não ter precedentes no mundo", afirmou o líder terrorista, que disse que tais ações "cruzaram todas as linhas vermelhas".

"O inimigo foi além de todos os controles, leis e moral", disse. "[Os ataques] podem ser considerados crimes de guerra ou uma declaração de guerra."

Fortes estrondos ressoaram em Beirute durante o discurso de Nasrallah, quando caças israelenses romperam a barreira do som sobre a capital libanesa, provocando ruídos intensos que fizeram tremer portas, vidros e janelas, e até dispararam alarmes de carros nas ruas.

A agência de notícias libanesa ANN relatou que, paralelamente, aviões de Israel lançaram balões térmicos nos subúrbios ao sul de Beirute, conhecidos como Dahye, um importante reduto do Hezbollah, e garantiu que também houve estrondos sônicos em outras áreas do país.

Israel está em alerta depois que milhares de dispositivos de comunicação do Hezbollah explodiram nos últimos dias, matando mais de 30 pessoas, o que o grupo atribuiu a um ataque israelense. Israel não admitiu responsabilidade pelas explosões.

Desde o início da guerra dos israelenses contra o Hamas na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, Israel e Hezbollah trocam bombardeios na região da fronteira com o Líbano, que já provocaram centenas de mortes e o deslocamento de aproximadamente 112 mil pessoas no lado libanês da fronteira e quase 100 mil no lado israelense, no pior conflito entre essas duas partes desde a guerra de 2006.

Nesta quinta-feira, dois militares foram mortos no norte de Israel por projéteis disparados pelo Hezbollah, informou um comunicado do Exército israelense.

Os mortos foram identificados como Nael Fwarsy, de 43 anos, e Tomer Keren, de 20. O Exército também comunicou que, durante o incidente que matou Keren, outro soldado ficou gravemente ferido e foi levado para o hospital.

De acordo com o jornal The Times of Israel, que citou autoridades médicas, oito pessoas foram levadas ao hospital pela manhã – duas em estado moderado a grave – após um ataque com projéteis antitanque em uma área montanhosa próxima à fronteira com o Líbano. O grupo libanês explicou que o ataque teve como alvo uma base do Exército israelense.

Pouco depois, um drone carregado de explosivos atingiu a região oeste da Galileia, ferindo mais duas pessoas, uma delas gravemente, informou o jornal israelense Haaretz.

As forças israelenses confirmaram que um drone lançado do Líbano caiu em uma área próxima à comunidade de Beit Hillel e detalharam que equipes de bombeiros estavam tentando apagar um incêndio que começou depois que vários fragmentos foram atingidos, mas que não houve vítimas.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram nesta quinta-feira que estão atacando "alvos" do Hezbollah no Líbano, sem dar detalhes geográficos específicos ou a escala dos ataques, que geralmente se concentram no sul do país vizinho.

Em comunicado, as IDF informaram que estavam "agora atacando alvos do Hezbollah no Líbano para danificar e destruir as capacidades terroristas e a infraestrutura militar da organização".

Já há algumas semanas, o governo de Israel vem falando de fazer uma ofensiva terrestre no sul do Líbano, com o objetivo de permitir a volta ao norte israelense das famílias que foram deslocadas.

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