A economia da China está se aproximando rapidamente do ponto sem retorno
A economia da China está à beira do desastre. Forças macroeconômicas estão desmontando seu modelo de desenvolvimento mais rapidamente do que muitos percebem ou conseguem compreender.
Além disso, a queda econômica chinesa já não pode mais ser ocultada por estatísticas oficiais, nem pelos discursos do líder do Partido Comunista Chinês (PCCh), Xi Jinping — e tampouco pode ser revertida da noite para o dia por um decreto de seu governante absoluto.
O cenário econômico está longe de ser promissor.
PIB questionável
Por exemplo, as taxas de crescimento do PIB da China — celebradas pelo PCCh e por economistas ao redor do mundo como prova da viabilidade do modelo de capitalismo de Estado — são falsas há pelo menos uma década. Mesmo nos últimos anos, enquanto Europa e Estados Unidos enfrentavam dificuldades para alcançar um crescimento de 2%, Pequim continuava divulgando, rotineiramente, taxas de crescimento na faixa dos 5%, inclusive no primeiro trimestre de 2025.
Como isso é possível?
Considere que o setor imobiliário da China, que representava até 30% de sua economia, continua em colapso. Os preços dos imóveis continuam caindo há mais de 22 meses consecutivos.
A Europa, segundo maior parceiro comercial da China, estagnou. O comércio com os Estados Unidos, o maior mercado de exportação da China, vem caindo desde 2018, quando representava 21,6% do total das importações americanas, chegando a 13,4% em 2024. Olhando para frente, é provável que as tarifas acelerem esse declínio.
Em uma economia voltada para exportações, se seus dois principais parceiros comerciais estão negativos ou neutros, de onde virá o crescimento?
É isso que pesquisadores da Universidade de Chicago estão se perguntando. Eles especulam que o PIB real da China pode ser até 60% menor do que os números oficiais.
Estatísticas, a economia da corrupção e forças macroeconômicas
A verdade é que a taxa de crescimento e outras estatísticas oficiais que saem da China simplesmente não são confiáveis. Desde o desemprego e os salários até a população, a fachada oficial de Pequim de uma China próspera, que foi apresentada ao mundo por décadas, não só está se desfazendo, como está em pedaços. Claramente, em um sistema econômico baseado na lealdade política e propinas em vez de forças de mercado, manipular os números faz parte do jogo e é crucial para a legitimidade política do PCCh.
Mas, além da corrupção, do roubo e das estatísticas falsas, a China enfrenta quatro forças macroeconômicas principais que estão levando sua economia ao colapso: deflação, desvalorização, demanda deprimida e queda populacional. Nenhuma delas existe isoladamente; ao contrário, se sobrepõem, muitas vezes ampliando o impacto umas das outras.
O ciclo descendente da deflação
Por exemplo, como mencionado acima, o setor imobiliário em colapso é uma grande causa da queda dos preços, mas não é a única. Trabalhadores protestando por salários não pagos significam menos dinheiro e menor consumo interno. Junte isso ao problema da superprodução da China, e a queda na demanda em relação à oferta é ainda maior.
À medida que essas condições econômicas persistem, o consumo interno encolhe ainda mais, e o medo e o cinismo dos consumidores crescem. Mesmo os subsídios estatais para estimular os gastos dos consumidores não estão funcionando tão bem quanto o esperado.
Desvalorização, Demanda Depressiva e Negação
Quando ocorre deflação, o valor relativo do dinheiro deveria aumentar, porque preços mais baixos significam maior poder de compra. Mas a China está vendo o valor do yuan cair, em parte devido aos estímulos do Banco Popular da China. Os estímulos tiveram sucesso no passado em graus variados, mas até agora não foram suficientes.
Novamente, a superprodução pelas fábricas — e no setor imobiliário — não é a solução que foi no passado. Ambos os setores produzem mais do que o mercado demanda, fazendo os preços caírem e pressionando os lucros corporativos e os salários.
As políticas de estímulo desvalorizam a moeda, o que torna as coisas menos acessíveis para os consumidores chineses, mesmo com os preços continuando a cair. Em resumo, os preços estão caindo, os lucros das empresas desaparecendo e o valor da moeda nacional está diminuindo.
Quanto tempo os consumidores chineses poderão suportar essas condições e quanto tempo os formuladores de políticas do PCCh poderão viver em negação, ainda está por ser visto.
A tendência de queda populacional é um problema sério
A prática de inflar estatísticas é endêmica na China, incluindo os números populacionais. Províncias e governos locais informam populações maiores para receber mais recursos para educação, aposentadorias e outros benefícios do governo central.
Algumas estimativas apontam que a população chinesa já caiu para menos de 1,3 bilhão de pessoas. Outras dizem que o número é ainda menor — mas são difíceis de confirmar.
Independentemente do dado exato, o impacto da queda rápida e irreversível da população da China é alarmante.
Apesar da recente política pró-natalidade do Partido Comunista Chinês, a cultura do país mudou. A população está envelhecendo, e muitas jovens não têm interesse em formar família — o que esvazia os esforços de Pequim para incentivar nascimentos. Soma-se a isso a queda na renda, o menor número de casamentos, a redução de mulheres em idade fértil e a ausência quase total de imigração. O resultado é um cenário preocupante para a economia chinesa num futuro muito próximo.
Como esperar um crescimento no consumo das famílias se o número real de consumidores está encolhendo?
Sem saída
A economia da China deve continuar desacelerando, pressionada pelo envelhecimento da população e pela redução da força de trabalho. O país enfrenta uma combinação difícil: salários em queda, alto desemprego, desvalorização da moeda e uma população que envelhece rapidamente — fatores que tornam o mercado chinês ainda mais vulnerável e menos viável para o futuro.
Como o Partido Comunista Chinês pode aumentar a demanda interna e a renda da população? A resposta é: não pode.
Investidores e empresas estrangeiras estão deixando a China em números recordes — e essa tendência deve continuar, à medida que as condições se agravam. O Partido já controla mais a economia hoje do que em qualquer outro momento, mas não tem soluções concretas.
O colapso econômico da China é real, amplo, irreversível — e perigoso.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Israel 7000 anos
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