Aliados de Netanyahu se dizem frustrados com políticas de Trump

Presidente Trump com o Primeiro-Ministro Netanyahu (Foto oficial da Casa Branca)

Altos funcionários israelenses afirmam que a política dos EUA está sendo guiada pelos "caprichos" de Trump, mas o Gabinete do Primeiro-Ministro insiste que os laços com Washington permanecem fortes, apesar das divergências sobre Gaza e o Irã

Enquanto o Presidente dos EUA, Donald Trump, se prepara para uma visita oficial ao Oriente Médio, pessoas próximas ao Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu estão fazendo críticas incomuns — e bem diretas — à forma como o governo americano tem agido ultimamente. Ainda assim, eles insistem que a relação pessoal entre Trump e Netanyahu continua firme.

"Está um caos dentro da administração", disse um conselheiro sênior de Netanyahu ao canal israelense Canal 13 neste domingo à noite. "A perna direita não sabe o que a esquerda está fazendo. Tudo funciona de acordo com o humor do Presidente — às vezes isso nos ajuda, às vezes atrapalha."

Essas declarações surgem num momento de tensão diplomática entre Israel e os EUA, especialmente por causa de divergências sobre como lidar com Gaza e o Irã. Apesar disso, o Gabinete do Primeiro-Ministro israelense garante que não há nenhum atrito pessoal entre Netanyahu e Trump.

Nos últimos dias, Trump deu algumas declarações que preocupam autoridades em Jerusalém, por irem contra os interesses de Israel. Em resposta, o ministro Ron Dermer — que esteve recentemente em Washington como chefe interino das relações com os EUA — levou mensagens de descontentamento direto à Casa Branca.

O porta-voz do primeiro-ministro, Omer Dostri, tentou diminuir a impressão de crise, dizendo: "O Presidente Trump disse recentemente sobre o primeiro-ministro: 'Estamos do mesmo lado em todas as questões'. Só ontem, a porta-voz da Casa Branca reforçou que 'a relação do Presidente Trump com Israel e o Primeiro-Ministro Netanyahu é muito forte', ao contrário do que andam dizendo por aí."

Enquanto isso, a agência Reuters revelou, no domingo à noite, que os EUA têm mantido negociações diretas com o grupo terrorista Hamas sobre um possível cessar-fogo em Gaza e o envio de ajuda humanitária à região. Um alto membro do Hamas confirmou a informação à rede Al Jazeera.

Já a NBC News informou que, em conversas privadas, Trump teria dito que a decisão recente de Israel de expandir sua operação militar em Gaza foi um "esforço desperdiçado". Segundo fontes ouvidas pela reportagem — incluindo funcionários do governo e diplomatas — Trump estaria agora num momento decisivo, avaliando como vai lidar com os desentendimentos com Netanyahu daqui pra frente.

Ao mesmo tempo, cresce a frustração de Israel com a postura ambígua dos EUA em relação ao Irã. De acordo com reportagens, Netanyahu ficou especialmente incomodado com a fala de Trump de que ainda não decidiu se vai permitir que o Irã enriqueça urânio para fins civis, como parte de um possível novo acordo nuclear. O ministro Dermer teria deixado clara essa insatisfação em reuniões com o enviado americano Steve Witkoff.

A questão do Irã continua sendo um dos principais pontos de discordância. Israel tem deixado claro, repetidamente, que é contra qualquer acordo que permita ao regime iraniano continuar enriquecendo urânio. Apesar disso, até agora, o Presidente Trump se recusa a descartar essa possibilidade. "Ainda não tomamos uma decisão sobre isso", declarou ele.

Essas tensões diplomáticas crescentes acontecem num momento em que Israel e seu principal aliado estratégico começam a seguir caminhos diferentes em temas importantes — mesmo que, oficialmente, os dois lados ainda tentem mostrar que está tudo bem.

Postar um comentário

0 Comentários