Apesar das aparências, mundo árabe sabe que Israel foi quem mais lucrou com visita de Trump

O Presidente dos EUA, Donald Trump, é visto com o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu (ilustrativo) (crédito da foto: SHUTTERSTOCK/NIMNETH X, YONATAN SINDEL/FLASH90)

A mídia libanesa já começa a entender, especialmente após a visita de Trump ao Oriente Médio, que uma grande mudança está a caminho — e cada vez mais vozes estão levantando a possibilidade de uma normalização com Israel, e talvez até a renúncia à ideia de um Estado palestino sob controle do Hamas

Será que o Líbano está pronto para o período pós-Hezbollah? O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista entrou em vigor há cerca de sete meses, mas a situação da organização dentro do Líbano é tão instável quanto sua posição na fronteira com Israel.

Já faz algum tempo que diferentes pessoas dentro do Líbano — jornalistas e até mesmo indivíduos que foram próximos aos altos escalões do Hezbollah — vêm dizendo de forma aberta e clara: talvez tenha chegado a hora de avançar com o Oriente Médio rumo a um futuro mais estável.

Faisal Abd al-Sater, ex-próximo de Nasrallah, disse em uma entrevista à TV libanesa após a visita de Trump ao Oriente Médio: "Israel está em uma situação em que só tem a ganhar. Se formos interpretar isso, o país continua sendo a força mais influente, por causa de suas grandes conquistas. Vejo agora que aquilo que Netanyahu não conseguiu obter pela via política — garantir diretamente os interesses de Israel — Trump veio e fez por ele o trabalho político. Trump, com todas as suas conquistas, está hoje sob a bandeira de transformar o Oriente Médio de uma forma ou de outra."

Quem também falou sobre isso foi Marcel R'Anam, apresentador de TV libanês: "Qual é o preço de assinar um acordo de paz e seguir o exemplo de toda a região, assinando acordos como os outros países? Quando todos os países árabes assinarem acordos de paz, seremos nós os únicos defensores do Estado palestino, pelo qual pagamos mais de 50 anos de nossas vidas protegendo? O Líbano está fora dessa equação? Ou talvez ainda haja uma chance de embarcar no trem da paz e prosperidade? Essa questão está nas mãos dos tomadores de decisão; eles precisam se posicionar com firmeza depois de todo o sofrimento que passamos. Está na hora de ouvir também essa proposta."

Essas mensagens também vêm do outro lado. Morgan Ortagus, enviada de Trump ao Líbano, disse em uma entrevista a um canal libanês: "O Líbano pode aprender uma lição de Al-Sharaa e da forma como ele trabalhou com a Arábia Saudita para conversar com o Presidente Trump e sua equipe sobre os benefícios da remoção das sanções, especialmente as sanções "Caesar", para permitir investimentos futuros. Veja, Al-Shuqai tomou a iniciativa, e nós lhe entregamos uma lista de coisas que precisamos que sejam feitas, especialmente a proteção das minorias no Oriente Médio." A insinuação para o Líbano é clara — quem demonstra boas intenções vai lucrar muito com isso.


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