Outra medida debatida foi a imposição de sanções a israelenses envolvidos em episódios de violência na Cisjordânia
A União Europeia vai revisar seu acordo de cooperação comercial com Israel após sofrer pressão de parte dos países membros, que defendem sanções ao governo israelense por conta da ofensiva contra o Hamas em Gaza. Segundo informações do portal Euronews, publicadas nesta terça-feira (20), 17 dos 27 ministros das Relações Exteriores do bloco apoiaram uma proposta, apresentada pelo ministro holandês Caspar Veldkamp, para avaliar possíveis "violações de direitos humanos" por parte de Israel durante sua operação contra os terroristas que atuam no enclave palestino.
A decisão obriga a Comissão Europeia a analisar se Israel descumpriu obrigações previstas no Artigo 2º do atual Acordo de Associação UE-Israel, que condiciona a relação bilateral ao "respeito a direitos humanos e princípios democráticos".
"Está claro, pelas discussões de hoje, que existe uma forte maioria favorável à revisão do Artigo 2º do nosso acordo de associação com Israel", declarou a alta representante para assuntos exteriores da UE, Kaja Kallas, durante coletiva em Bruxelas. Ela acrescentou: "Lançaremos esta revisão e, enquanto isso, cabe a Israel liberar mais ajuda humanitária."
O acordo em questão regula relações políticas e econômicas entre a União Europeia e Israel, com trocas comerciais superiores a 45 bilhões de euros anuais, tornando o bloco o principal parceiro comercial israelense. Países como Irlanda e Espanha já haviam sugerido a reavaliação do acordo há mais de um ano, mas só agora obtiveram apoio necessário após a Holanda, tradicionalmente alinhada a Israel, considerar o atual bloqueio total de ajuda humanitário à Faixa de Gaza uma "violação do direito humanitário internacional".
Entre os países que apoiaram a revisão do acordo estão Bélgica, Finlândia, França, Irlanda, Luxemburgo, Portugal, Eslovênia, Espanha e Suécia, além de Dinamarca, Estônia, Malta, Polônia, Romênia e Eslováquia. Segundo fontes diplomáticas, países como Áustria, tradicional aliada de Israel, não se manifestaram contra, enquanto Alemanha, Itália, Hungria e outros declararam oposição.
Outra medida debatida foi a imposição de sanções a israelenses envolvidos em episódios de violência na Cisjordânia. Embora 26 países tenham apoiado essa proposta, a Hungria vetou a decisão. Segundo a chanceler sueca Maria Malmer Stenergard, alguns países defendem que o bloco vá além, incluindo sanções a ministros israelenses.
A discussão acontece em meio à pressão de governos europeus e do Reino Unido, que já suspendeu negociações comerciais com Israel e chamou seu embaixador para prestar esclarecimentos. O Reino Unido classificou como "intolerável" o bloqueio contra Gaza, enquanto líderes britânicos, franceses e canadenses ameaçaram "ações concretas" caso Israel não suspenda as restrições à entrada de ajuda humanitária.
0 Comentários