Ataque a Arak reacende discussão sobre segurança nuclear

Imagem de satélite disponibilizada pela Maxar Technologies mostra a instalação nuclear de Arak, no Irã (Foto: EFE/EPA/MAXAR TECHNOLOGIES)

A estrutura atacada integrava o sistema de vedação do reator nuclear — uma parte crítica no processo de produção de material físsil para armamento


O ataque aéreo de Israel à instalação nuclear de Arak, no Irã, nesta quinta-feira (19), reacende o debate internacional sobre a segurança nuclear no Oriente Médio e os riscos de uma escalada atômica no conflito. A ação foi parte de uma série de ofensivas contra o programa nuclear iraniano iniciadas pelo governo israelense na semana passada. Segundo a mídia estatal iraniana, dois projéteis foram disparados contra o complexo a cerca de 250 km de Teerã, mas sem causar danos significativos. Não houve registro de vazamentos de radiação.

De acordo com um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), o alvo em Arak seria "um componente destinado à produção de plutônio, impedindo assim sua capacidade de ser reutilizado para produzir armas nucleares". O oficial declarou à CNN que a estrutura atacada integrava o sistema de vedação do reator nuclear — uma parte crítica no processo de produção de material físsil para armamento.

Desde 12 de junho, os ataques de Israel vêm atingindo instalações nucleares iranianas. Já foram alvejadas instalações em cidades como Natanz, Isfahan e Fordow, levantando temores de contaminação por radiação e substâncias químicas tóxicas.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, classificou os ataques como "profundamente preocupantes" e alertou para os riscos de um vazamento radiológico com "sérias consequências para as pessoas e o meio ambiente". Segundo Grossi, embora os ataques não tenham atingido diretamente usinas de energia, que poderiam representar uma ameaça maior, os danos já causados são relevantes, relatou a Folha de S. Paulo.

Ataques repetidos comprometem segurança nuclear

Em inspeções realizadas nesta semana, a AIEA confirmou danos substanciais às instalações subterrâneas de enriquecimento de urânio em Natanz, além da destruição de estruturas acima do solo, como uma planta piloto de enriquecimento de combustível. A agência identificou "alguma contaminação" radioativa localizada, mas afirmou que os níveis fora do complexo permanecem normais. A exposição estaria limitada a partículas alfa — perigosas apenas se inaladas ou ingeridas, mas gerenciáveis com o uso de proteção adequada.

No caso de Isfahan, outro local atingido na sexta-feira anterior, a AIEA também declarou não haver alterações nos níveis de radiação externos. As usinas de Fordow e Khondab — esta ainda em construção — não sofreram danos, segundo Grossi. A instalação de Bushehr, principal reator nuclear iraniano destinado à geração de energia, não foi alvo do ataque israelense.

Apesar da aparente contenção dos danos até o momento, especialistas alertam que ataques repetidos elevam o risco de uma contaminação grave, sobretudo se vierem a atingir materiais em processo de fissão ou estruturas mais sensíveis. "O urânio natural é pouco radioativo, mas torna-se perigosamente instável em um reator ou bomba", alertou um cientista ligado à AIEA.

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