A influência da China está crescendo no Brasil

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (2º à direita) e o CEO da Great Wall Motor (GWM) da China, Mu Feng (à direita), comparecem à inauguração da fábrica de automóveis da GWM em Iracemápolis, estado de São Paulo, Brasil, em 15 de agosto de 2025. (Nelson Almeida/AFP via Getty Images)

Pequim quer minar o poder das democracias, incluindo o Brasil, e transformá-las em dependências autocráticas


A montadora chinesa Great Wall Motor Company comprou uma fábrica de automóveis em São Paulo, Brasil. A fábrica reabriu em 15 de agosto e será operada pela empresa, que tem ligações com Pequim. Ela planeja exportar centenas de milhares de carros por ano para toda a América do Sul. A Daimler AG, uma empresa alemã, era a proprietária anterior da fábrica. A mudança é um sinal dos tempos.

A China está tentando substituir o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, por outros países no que diz respeito ao comércio. O Brasil também quer mudar seu comércio dos Estados Unidos. Pequim e Brasília estão tomando essa medida na tentativa de punir os Estados Unidos por impor altas tarifas a ambos os países. As importações agrícolas da China dos Estados Unidos diminuíram substancialmente durante a primeira guerra comercial com a China, de 2017 a 2020, e podem seguir nessa direção novamente.

Para conseguir isso, o Partido Comunista Chinês (PCCh) está exportando mais produtos manufaturados chineses para países subdesenvolvidos em troca de suas importações de matérias-primas. A agricultura brasileira é um excelente exemplo. O aumento das exportações agrícolas brasileiras para a China é em troca de mais importações de produtos manufaturados da China. Essa dinâmica está substituindo os fabricantes locais brasileiros e desindustrializando o Brasil. Isso também prejudica os agricultores americanos. Por exemplo, suas exportações de soja para a China estão sendo substituídas pelas do Brasil.

Países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (os países do BRICS) estão tentando proteger suas economias com tarifas e sanções, negociando entre si, em vez de negociar com os Estados Unidos. O BRICS agora inclui 10 países que respondem por 41% do PIB global e metade da população mundial. Portanto, eles têm boas chances de construir uma rede de comércio internacional com a China no centro. A rede pode excluir os Estados Unidos para obter o máximo poder de barganha. Isso fortalece a China e enfraquece os Estados Unidos, minando assim valores americanos como a democracia e os direitos humanos.

O Presidente Donald Trump ameaçou corretamente a China, o Brasil e a Índia com altas tarifas secundárias de 100% se continuarem comprando produtos da Rússia. Afinal, Moscou usa os rendimentos para financiar a guerra contra a Ucrânia. O chefe da OTAN, Mark Rutte, também observou a ameaça de tarifas secundárias contra países que comercializam com a Rússia.

Trump ameaçou com tarifas adicionais de 10% sobre os países que seguirem as políticas antiamericanas do BRICS, por exemplo, suas tentativas de substituir o dólar americano por uma moeda do BRICS. Mas tais tarifas podem não ser suficientes para impedir essas políticas. Após a ameaça, 36 líderes participaram de uma cúpula do BRICS no Brasil.

Os produtores brasileiros de café e carne bovina, que são tributados em 50% pelos Estados Unidos, também estão se voltando para a China. Essas tarifas estão entre as mais altas impostas pelos EUA a qualquer país do mundo. O governo Trump está, em parte, impondo tarifas ao Brasil na tentativa de libertar o ex-presidente Jair Bolsonaro, um conservador, de seus problemas legais no país. As tarifas de 50% não alcançaram esse objetivo, mas tiveram um efeito indesejado.

Elas impulsionaram a opinião pública nacionalista no Brasil e a popularidade do presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva. A resposta de Lula é fazer uma aliança com a China. Pequim acolhe essa abordagem, pois ela ajuda em sua tentativa de se apresentar como defensora do "Sul Global". Mas, ao fazer isso, Lula está colocando todo o seu país em risco de se tornar um satélite do PCCh.

Pequim quer minar o poder das democracias, incluindo o Brasil, e transformá-las em dependências autocráticas. Isso contrasta fortemente com o papel histórico dos Estados Unidos de promover a democracia, o livre mercado e os direitos humanos em todo o mundo.

A China tem muito a oferecer ao Brasil em seu pacto faustiano. Pequim agora oferece isenção de visto para brasileiros e uma linha de crédito de US$ 9 bilhões para infraestrutura na América Latina, além de controlar ou operar 31 portos em toda a América Latina. O Brasil e a China também estão cooperando em satélites e outras tecnologias espaciais que têm dupla finalidade militar.

A China está ajudando a construir ferrovias nas regiões agrícolas do Brasil e planejando construir uma ligação ferroviária entre o porto de Ilhéus, na costa leste do Brasil, e o porto de Chancay, no oeste do Peru. Este último porto pode enviar contêineres diretamente para a China, sem escala na América do Norte. Isso reduzirá o tempo de trânsito do Brasil para a China em 10 dias.

Quanto mais o Brasil e os Estados Unidos permitirem que a influência do PCCh aumente, mais difícil será reverter essa situação. Quanto mais o mundo ignorar os valores americanos para seguir lucros e comércio de curto prazo, mais países optarão por negociar com a China, apesar de sua contínua desindustrialização.

Para evitar o desastre, os Estados Unidos e outras democracias devem, eventualmente, superar essa disputa comercial por meio de um plano estratégico de longo prazo para cortar o PCCh de sua rede global de comércio e influência. Só assim poderemos proteger a democracia, os direitos humanos e outros valores americanos.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Israel 7000 anos

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