O comissário europeu de Energia, Dan Jørgensen, classificou a decisão como "histórica"
A União Europeia (UE) anunciou nesta quinta-feira (23) um novo e abrangente pacote de sanções contra a Rússia, ampliando a pressão sobre o setor energético do país um dia após os Estados Unidos bloquearem as duas maiores petroleiras russas.
O 19º pacote europeu, aprovado pelos Estados-membros e divulgado pela Comissão Europeia, impõe uma proibição total sobre o gás natural liquefeito (GNL) russo, além de restrições severas a bancos, empresas de tecnologia, criptomoedas e à chamada "frota sombra" de navios que transportam petróleo de forma clandestina.
Segundo a alta representante para Assuntos Exteriores da UE, Kaja Kallas, as novas medidas "tornam cada vez mais difícil para [o ditador russo, Vladimir] Putin financiar sua guerra". Ela afirmou que as novas sanções atingem o setor de energia russo, bancos, bolsas de criptomoedas e entidades na China, entre outros.
"Está se tornando cada vez mais difícil para Putin financiar sua guerra. Cada euro que negamos à Rússia é um que ela não pode gastar em guerra. O 19º pacote não será o último", lembrou Kallas.
O anúncio ocorreu um dia depois de o governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionar as gigantes Rosneft e Lukoil, acusadas de financiar "a máquina de guerra do Kremlin". Assim como Washington, a UE endureceu o cerco contra o petróleo e o gás russos, eliminando isenções e ampliando restrições às importações de países terceiros. O novo pacote inclui ainda um bloqueio total a transações com as companhias Rosneft e Gazprom Neft e sanções a empresas chinesas e árabes que continuavam comprando petróleo russo.
De acordo com o comunicado da Comissão Europeia, o bloco também proibiu importações de GNL russo em contratos de curto prazo a partir de 2026 e impôs restrições a portos e serviços marítimos de navios ligados à frota paralela da Rússia – já somando 557 embarcações. Entre as medidas adicionais, o pacote veta o fornecimento de serviços de mapeamento geológico e outras atividades científicas que possam apoiar a indústria energética russa.
No campo financeiro, cinco novos bancos russos foram incluídos na lista de proibição de transações, e a UE anunciou sanções inéditas contra o sistema de pagamento russo Mir e sua versão de transferência rápida (SBP). O pacote também proíbe o uso de uma stablecoin atrelada ao rublo e fecha brechas usadas por corretoras de criptomoedas em países como Paraguai, Cazaquistão e Quirguistão.
A comissária europeia para Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, disse que as sanções "atingem em cheio o coração da economia russa". Em suas palavras, "um veto ao GNL atingirá onde mais dói, enquanto medidas adicionais sobre serviços financeiros – incluindo criptomoedas – e o fortalecimento dos mecanismos anticircunvenção terão um forte impacto. Continuaremos desenvolvendo e aplicando novas medidas pelo tempo que for necessário".
O pacote também amplia restrições de exportação a produtos de uso dual, como metais e componentes utilizados em armamentos, e lista 69 novos indivíduos e empresas ligados ao complexo militar-industrial russo, incluindo oligarcas, mineradoras e empresas petroquímicas. A Comissão informou ainda que reforçou a responsabilização de envolvidos no sequestro e na "reeducação forçada" de crianças ucranianas.
O comissário europeu de Energia, Dan Jørgensen, classificou a decisão como "histórica".
"A Europa decidiu parar todas as importações de GNL russo até o fim de 2026 e desmantelar a frota de petróleo clandestina. Este é um movimento sem precedentes, feito em unidade e total solidariedade com a Ucrânia. Vai causar um grande golpe à máquina de guerra de Putin e sustentar os esforços de paz de Kiev", declarou. As novas sanções marcam a maior ação conjunta de Washington e Bruxelas desde o início do conflito, em 2022.

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