"O caso será investigado e tratado de acordo", afirmou o Exército de Israel
As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que abriram uma investigação após soldados da 36ª Divisão exibirem bandeiras pedindo a construção do Terceiro Templo em máquinas pesadas operando em Gaza. As bandeiras, que apareceram em bulldozers e outros veículos de engenharia, foram distribuídas por um reservista em violação aos protocolos do Exército — mas representam apenas o último episódio de uma história mais ampla sobre expressão religiosa dentro das IDF durante períodos de guerra.
"Este é um incidente que não condiz com os valores das IDF", afirmou o Exército em resposta a perguntas da imprensa. "O caso será investigado e tratado de acordo."
Segundo a Rádio do Exército, um reservista da divisão distribuiu as bandeiras, que depois foram exibidas nos veículos em operação no campo. Os comandantes do soldado estavam "cientes do caso" e vão se reunir com ele, solicitando que cesse imediatamente a distribuição das bandeiras. Caso o incidente continue, será tratado "de acordo com as ordens militares", alertou as IDF.
היום בעזה. כוח של צבאות ה' בפעולה pic.twitter.com/jQHgzQP429
— ארנון סגל (@arnonsegal1) October 29, 2025
As bandeiras do Terceiro Templo não constituem um incidente isolado. Em abril, as IDF publicaram novas diretrizes visando encerrar um fenômeno que se tornara generalizado: soldados anexando em seus uniformes e equipamentos distintivos e bandeiras não militares, particularmente aquelas associadas a crenças messiânicas. No entanto, os símbolos persistem.
Em outubro passado, o Chefe do Estado-Maior das IDF, general Herzi Halevi, interveio pessoalmente ao visitar as forças de combate da Brigada Golani no sul do Líbano. Durante a visita, ele encontrou um soldado usando um distintivo com a palavra "Messias" — um símbolo associado ao movimento Chabad-Lubavitch. Halevi se aproximou do soldado, retirou o distintivo do uniforme e o colocou no bolso da camisa do militar. "Apenas insígnias militares no uniforme", afirmou o chefe do Estado-Maior com firmeza, embora tenha permitido que o soldado mantivesse o distintivo fora de vista caso tivesse significado pessoal.
Mais recentemente, em março, circulou uma imagem mostrando um soldado ao lado de uma criança de Gaza que havia se aproximado de um posto das IDF antes de ser devolvida em segurança. O uniforme do soldado exibia de forma destacada tanto um distintivo com a palavra "Mashiach" quanto outro representando o Beit HaMikdash (Templo Sagrado). As IDF não borraram os distintivos na imagem divulgada — uma mudança em relação à prática anterior.
O simbolismo aponta para o foco essencial do conflito. O Hamas escolheu a Cúpula da Rocha com espadas cruzadas como seu emblema, nomeando uma de suas principais facções militantes de Brigada dos Mártires de Al-Aqsa. A reivindicação islâmica sobre o Monte do Templo em Jerusalém está no núcleo ideológico de sua guerra contra Israel. Quando soldados israelenses exibem imagens do Terceiro Templo, eles respondem a essa reivindicação com uma declaração igualmente firme: esta terra, e esta montanha, pertencem ao povo judeu por direito divino.
As IDF insistem que todos os uniformes e equipamentos táticos venham exclusivamente da Divisão de Tecnologia e Logística do Exército, projetados especificamente para as necessidades operacionais de cada unidade. A instituição militar afirma que símbolos pessoais não têm lugar no equipamento oficial. Ainda assim, a aparição repetida desses emblemas — apesar da desaprovação oficial e da intervenção direta de comandantes de alto escalão — sugere algo que as IDF não podem regular: a convicção de muitos soldados israelenses de que estão lutando uma guerra com significado profético.

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