Raisi ataca acordo entre Israel e Arábia Saudita; Gallant é convidado a visitar Washington

Um míssil iraniano é exibido durante um comício em comemoração ao Dia de Quds, ou Dia de Jerusalém, na última sexta-feira do mês sagrado do Ramadã, em Teerã, Irã, em 29 de abril de 2022 |Crédito da foto: Majid Asgaripour/WANA (Agência de Notícias aa Ásia Ocidental Via Reuters)

"O grande drama aqui é que os Estados Unidos estão assumindo a responsabilidade de proteger a Arábia Saudita contra o Irã", disse o conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, informou o Jerusalem Post

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, criticou o proposto acordo de normalização entre Israel e Arábia Saudita, classificando-o como "reacionário". Enquanto isso, o Ministro da Defesa, Yoav Gallant, está a caminho de Washington para se reunir com o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e discutir questões de segurança relacionadas a esse acordo e ao Irã.

Neste domingo (1), Raisi declarou que nações islâmicas que buscam estabelecer relações normalizadas com o regime sionista estão seguindo um caminho "reacionário e regressivo", referindo-se indiretamente à Arábia Saudita, durante seu discurso na Cúpula Internacional da Unidade Islâmica, em Teerã.

Raisi convocou a comunidade islâmica a se unir contra os crimes cometidos pelos "agentes dos Estados Unidos e do regime sionista", enfatizando a importância de libertar a Palestina e Jerusalém.

"As pessoas preocupadas na Palestina, Líbano e em outros países islâmicos não estão considerando a possibilidade de um compromisso," afirmou Raisi, "em vez disso, estão focadas na resistência e em se posicionar contra o inimigo", uma opção que forçará a retirada.

Ele acrescentou que, nos dias de hoje na Palestina, a iniciativa parte daqueles que estão envolvidos na jihad, uma guerra santa.

Um míssil é lançado durante um exercício anual na área costeira do Golfo de Omã e perto do Estreito de Ormuz, no Irã | Crédito da foto: Reuters
Um míssil é lançado durante um exercício anual na área costeira do Golfo de Omã e perto do Estreito de Ormuz, no Irã | Crédito da foto: Reuters

Ele fez essas declarações enquanto Washington e Riad avançam em direção a um pacto de segurança que exigiria uma resposta dos Estados Unidos a um ataque contra a Arábia Saudita, inclusive por parte do Irã.

O conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, afirmou à Rádio do Exército que os Estados Unidos estão, pela primeira vez, considerando tal pacto, algo que não foi assinado com nenhum outro país desde 1960.

"Isso é muito importante para os sauditas", disse Hanegbi. "O grande drama aqui é que os Estados Unidos estão assumindo a responsabilidade de proteger a Arábia Saudita contra o Irã", explicou, observando que isso tem sido especialmente relevante para Riad desde que drones iranianos atacaram seus campos de petróleo em 2019. Teerã negou envolvimento no ataque.

Hanegbi também afirmou que Riad deseja um programa nuclear civil que inclua enriquecimento de urânio, enquanto descartou as preocupações de quem teme que isso possa ser usado para militarizar o programa e permitir que a Arábia Saudita produza uma bomba nuclear.

Ele garantiu que esse acordo não prejudicará a segurança de Israel, destacando que Jerusalém e Washington estão totalmente alinhadas quanto às salvaguardas necessárias para o programa nuclear saudita.

O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discutiram um acordo proposto com a Arábia Saudita, que também poderia incluir um pacto de segurança entre Estados Unidos e Israel, quando se reuniram em Nova York no mês passado.

Netanyahu realizou consultas de segurança com Gallant neste domingo, com foco no Irã, após Gallant aceitar um convite de Austin para visitar Washington em outubro.

"Durante a reunião, eles discutirão maneiras de fortalecer os laços especiais de segurança entre Israel e os EUA, bem como os diversos desafios de segurança e as oportunidades políticas no Oriente Médio", declarou o Ministério da Defesa.

Será a terceira reunião presencial entre os dois homens, mas a primeira em Washington. Até a reunião com Biden, Netanyahu tinha proibido seus ministros de visitar Washington.

A reunião acontece enquanto o Irã continua avançando em direção a uma capacidade nuclear e a Resolução 2231 do Conselho de Segurança das Nações Unidas está prestes a expirar neste mês. Esta resolução proibia o Irã de desenvolver mísseis de longo alcance capazes de transportar uma ogiva nuclear.

Na quinta-feira, Reino Unido, França e Alemanha afirmaram que manterão as sanções relacionadas a mísseis balísticos e proliferação nuclear contra o Irã, mesmo após o vencimento da resolução.

Israel instou a comunidade internacional a adotar uma posição firme contra os esforços iranianos para obter armas nucleares, especialmente agora que o Irã enriqueceu urânio a 60%.

Além disso, Israel tem trabalhado para evitar a presença militar iraniana ao longo de sua fronteira norte e na Síria.

Segundo relatos de vários meios de comunicação sírios, a Força Aérea de Israel teria realizado um ataque na madrugada deste domingo a um carregamento de armas iranianas na Síria, a oeste da capital, Damasco.

No entanto, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos adotou uma postura mais moderada em relação ao Irã em um relatório publicado na sexta-feira intitulado "Estratégia para Combater Armas de Destruição em Massa" em 2023.

O relatório afirmou que "avalia-se que o Irã não está atualmente buscando um programa de armas nucleares".

No entanto, o relatório enfatizou que o Irã "tem a capacidade de produzir material físsil suficiente para um dispositivo nuclear em menos de duas semanas".

Esta conclusão confirma declarações feitas por oficiais de Defesa dos EUA nos últimos seis meses. No entanto, o material físsil é apenas parte do que o Irã precisa para completar uma bomba nuclear, sendo necessário também outros componentes, como uma ogiva nuclear que possa ser colocada em um míssil balístico de longo alcance que ainda está por ser desenvolvido.

Israel alertou que a busca do Irã por armas nucleares é uma ameaça global

Israel há muito tempo vem alertando que a busca do Irã por armas nucleares é uma das principais ameaças globais, mas os Estados Unidos afirmaram que, no que diz respeito a armas de destruição em massa, estavam mais preocupados com China e Rússia.

"Essas duas nações representam o principal desafio em termos de armas de destruição em massa", afirmou o relatório. A Coreia do Norte, o Irã e organizações extremistas violentas "continuam sendo ameaças regionais persistentes que precisam ser enfrentadas", explicou o relatório.

No seu relatório, os Estados Unidos acusaram o Irã de não cumprir as obrigações estabelecidas pelo Tratado de Armas Químicas.

"Por exemplo, o Irã não apresentou uma declaração completa de instalações de produção de armas químicas, conforme exigido pelo Tratado de Armas Químicas", afirmou o relatório.

"Os Estados Unidos também estão preocupados que o Irã esteja buscando produtos químicos de dupla utilização que atuam no sistema nervoso central para fins ofensivos", acrescentou o relatório.

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