A Arábia Saudita quer tudo: armas, investimentos e um Estado palestino. Veja o que Riad está oferecendo aos EUA em troca
Às vésperas da cúpula Arábia Saudita–EUA marcada para terça-feira (18), o jornal estatal saudita Asharq Al-Awsat informou, nesta segunda-feira, que, nas últimas semanas, cinco altos funcionários sauditas já viajaram a Washington para reuniões preliminares com seus homólogos americanos. As discussões se concentraram nos preparativos para a reunião na Casa Branca entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.
Analistas sauditas de alto nível que falaram ao jornal disseram que Riad deve tentar convencer Washington a adotar sua abordagem para a questão palestina. Eles também destacaram que a Arábia Saudita atribui grande importância à aquisição de armamentos avançados e sistemas de defesa aérea.
Entre os funcionários que viajaram a Washington estavam o ministro da Defesa Khalid bin Salman, irmão do primeiro-ministro e príncipe herdeiro Mohammed bin Salman; o ministro de Estado Musaad al-Aiban; o ministro da Economia e Planejamento Faisal al-Ibrahim; o ministro das Comunicações Abdullah al-Swaha; e o diretor do Fundo de Investimento Público, Yasir al-Rumayyan.
![]() |
| Príncipe herdeiro Mohammed bin Salman | Foto: AP/Evelyn Hockstein |
Parceria estratégica
As discussões com a delegação americana abordaram a parceria estratégica e os desenvolvimentos regionais e internacionais. Os temas da agenda incluíram cooperação em IA, tecnologia avançada, investimentos e relações econômicas.
O analista político Munif al-Harbi disse ao Asharq Al-Awsat que a visita do príncipe herdeiro deverá incluir um aspecto diplomático e conversas sobre possíveis soluções no Oriente Médio, incluindo o conflito israelo-palestino, um cessar-fogo em Gaza e apoio para estabilizar a situação na Síria e no Sudão.
Ele avaliou que a questão palestina certamente estará presente, juntamente com o que chamou de "a importância de criar uma solução justa e permanente por meio de um caminho de dois Estados e do estabelecimento de um Estado palestino". Ele previu que todos os dossiês de interesse estratégico mútuo surgiriam nas discussões, incluindo o dossiê sírio, a guerra no Sudão, o dossiê iemenita, o dossiê libanês e até mesmo a guerra na Ucrânia, onde Riad atuou como mediadora.
"O momento da visita é importante para a Arábia Saudita em um período em que ela conseguiu fortalecer tanto seus laços regionais quanto internacionais e adotou uma política de neutralidade positiva", disse al-Harbi. Ele acrescentou que "essa neutralidade positiva pode permitir que o reino, dadas as mudanças regionais e globais, desempenhe um papel não apenas em assuntos regionais, mas também no enfrentamento de questões internacionais e atue como um mediador confiável em meio à polarização global."
![]() |
| Bin Salman e Trump | Foto: GettyImages |
Al-Harbi e outro comentarista político, Ahmed al-Ibrahim, observaram que a aquisição de armas avançadas dos EUA e sistemas de defesa aérea para as forças armadas sauditas é de máxima importância para o reino. Isso se soma ao interesse mútuo em aprofundar os laços e expandir os investimentos, incluindo na área de IA.
Al-Ibrahim disse que as conversas devem incluir rodadas de negociações políticas destinadas a persuadir Washington da perspectiva saudita, posição compartilhada por muitos países árabes e muçulmanos, particularmente no que diz respeito ao estabelecimento de um Estado palestino e a uma solução de dois Estados.
Ele afirmou que a "visita pode se tornar uma pedra angular desse dossiê, que conta com apoio internacional". O comentarista saudita também sugeriu que os resultados da cúpula entre o Presidente Donald Trump e o príncipe Mohammed bin Salman podem ser excepcionais e incluir grandes entendimentos que podem beneficiar a região nos próximos anos, seja na área de segurança, investimentos ou alianças tecnológicas.
"Círculos em Washington encaram a visita como um reinício completo das relações. O príncipe bin Salman está entrando em Washington como o homem do futuro no Oriente Médio, não apenas como parte de uma visita diplomática tradicional", disse al-Harbi.



0 Comentários