Tumba com múmia de 4,4 mil anos de homem próximo a faraó é achada no Egito

Câmara funerária com o sarcófago do oficial egípcio | Crédito da foto: P. Košárek

Equipe encontrou sarcófago parcialmente aberto, além de restos de cerâmica, oferendas votivas, jarros canópicos e um peixe mumificado; local de enterro estava perdido há mais de um século

Arqueólogos tchecos exploraram uma tumba perdida que pertencia a um oficial egípcio chamado Ptahshepses. O local ainda continha os restos mumificados do homem, que viveu entre os séculos 24 e 25 a.C.

A novidade foi divulgada em 25 de setembro no Facebook pelo Instituto de Egiptologia da Faculdade de Filosofia da Universidade Carolina em Praga, na República Tcheca. Segundo a publicação, a investigação ocorreu durante 2022 e 2023 na área arqueológica entre os campos de pirâmides de Abusir e Saqqara, no Egito.

A tumba foi originalmente descoberta por um estudioso francês chamado Auguste Mariette, que escavou o local parcialmente há cerca de 160 anos. Ele encontrou inclusive as "portas falsas" de Ptahshepses – os antigos egípcios acreditam que o morto poderia usar essa passagem simbólica para entrar e sair da tumba na vida após a morte.

Parte frontal leste da tumba do oficial egípcio | Crédito da foto: M. Bárta
Parte frontal leste da tumba do oficial egípcio | Crédito da foto: M. Bárta

Tais portas "contêm um extenso e único relato da carreira de Ptahshepses como funcionário público", de acordo com a postagem no Facebook. Elas contam como ele foi educado na corte do último governante de Gizé, Menkaure, e como posteriormente se casou com Chamaat, a filha do faraó Userkaf, fundador da Quinta Dinastia dos Reis Solares. Na história egípcia, esta é a primeira referência conhecida por arqueólogos sobre um funcionário nascido fora da realeza a se casar com uma princesa.

Além disso, Mariette havia descoberto uma peça originalmente colocada acima da entrada da tumba, com uma referência a um dos primeiros cultos ao deus do julgamento, Osíris. "Isso torna Ptahshepses ainda mais notável, pois ele pode ser creditado com a introdução do famoso deus da vida após a morte egípcia no panteão egípcio", explica o comunicado.

Capela de culto após limpeza na tumba do oficial egípcio | Crédito da foto: P. Košárek
Capela de culto após limpeza na tumba do oficial egípcio | Crédito da foto: P. Košárek

Os artefatos escavados por Auguste Mariette na tumba estão expostos no Museu Britânico, na Inglaterra. Mas, por muito tempo, o local de enterro permaneceu perdido sob a areia; ele estava desaparecido até agora. "Foi uma busca árdua que durou vários anos. A redescoberta da tumba de Ptahshepses foi resultado de imagens de satélite detalhadas da área e do estudo de mapas antigos", conta Miroslav Bárta, líder das pesquisas em Abusir.

Durante as escavações em 2022, a mastaba, uma estrutura retangular dos túmulos egípcios com 42 metros de comprimento e 22 metros de largura, foi completamente exposta e documentada. Os pesquisadores encontraram também uma capela bem preservada com decorações pintadas na entrada, dois serdabs (espaços para estátuas) e um longo corredor de acesso.

Pirâmide de Djoser em Saqqara, próxima à qual está localizada a tumba do oficial Ptahshepses | Crédito da foto: M. Bárta
Pirâmide de Djoser em Saqqara, próxima à qual está localizada a tumba do oficial Ptahshepses | Crédito da foto: M. Bárta

Um ano depois, a equipe entrou na câmara funerária. Ela havia sido saqueada na antiguidade, mas ainda continha partes do equipamento funerário original, incluindo cerâmica, restos de oferendas votivas, jarros canópicos e um peixe mumificado (o primeiro de seu tipo a ser descoberto).

A entrada da câmara era um corredor inclinado que levava a uma enorme pedra de calcário bloqueando o local original. Em um sarcófago parcialmente aberto, estava a múmia completa de Ptahshepses, que ainda estava deitado de costas.

Resultados da análise da múmia confirmam uma idade relativamente avançada para o funcionário, conforme indicado em seu registro nas portas falsas. Os antropólogos estimam que o oficial morreu com pelo menos 65 anos.

"A tumba de um homem que mudou o curso da história egípcia foi assim redescoberta, representando uma das maiores descobertas recentes da expedição. A pesquisa ainda está em andamento, e novas descobertas provavelmente serão feitas para lançar nova luz sobre sua família e seu tempo", acrescentou Bárta.

*Com informações da revista Galileu

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