Jordânia retira embaixador de Israel em protesto contra carnificina na guerra com o Hamas

Ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi | 19 de outubro de 2023/Alaa Al Sukhni/ Reuters

Amã acusa Israel de 'matar inocentes', causando 'catástrofe humanitária' em Gaza; enquanto Colômbia e Chile chamam de volta seus enviados, Jerusalém observa que seus cidadãos estavam entre as vítimas de 7 de outubro

A Jordânia retirou seu embaixador em Israel na quarta-feira (1) em protesto contra a "catástrofe humanitária" na Faixa de Gaza e o crescente número de mortes de civis na guerra de Israel contra o Hamas.

O Ministro das Relações Exteriores, Ayman Al-Safadi, ordenou ao enviado Rasan al-Majali que retornasse a Amã "como uma expressão da posição da Jordânia de rejeição e condenação da guerra israelense em Gaza, que está matando pessoas inocentes e causando uma catástrofe humanitária sem precedentes", de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Jordânia.

Além disso, a Jordânia pediu ao Ministério das Relações Exteriores de Israel que orientasse o embaixador Rogel Rachman a não retornar a Amã, após ter sido temporariamente chamado de volta a Israel devido a ameaças de segurança no país jordaniano.

De acordo com o comunicado, "o retorno dos embaixadores estará vinculado à cessação da guerra de Israel contra Gaza e ao fim da catástrofe humanitária que está causando, bem como a todas as medidas que privam os palestinos de seu direito a alimentos, água, medicamentos e seu direito de viver de forma segura e estável em seu solo nacional".

Israel respondeu com cuidado algumas horas depois, limitando-se a expressar seu "lamento" pela decisão em um tweet do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat.

A Jordânia segue a Colômbia e o Chile, que também chamaram seus embaixadores para consultas na noite anterior. A Bolívia suspendeu todos os laços diplomáticos com Israel, que eram praticamente inexistentes, na noite de terça-feira.

O Ministério das Relações Exteriores criticou a Colômbia e o Chile na quarta-feira, com o porta-voz do ministério, Lior Haiat, afirmando: "Cidadãos da Colômbia, Chile e de outros países da América Latina também estão entre as vítimas do hediondo ataque de 7 de outubro. O Estado de Israel está travando uma guerra que lhe foi imposta; uma guerra contra uma organização terrorista que utiliza os cidadãos da Faixa de Gaza como escudos humanos."

Haiat afirmou que Israel "pede à Colômbia e ao Chile que condenem explicitamente a organização terrorista Hamas, que massacrou e sequestrou bebês, crianças, mulheres e idosos. Israel espera que a Colômbia e o Chile apoiem o direito de um país democrático de proteger seus cidadãos e exijam a libertação imediata de todos os sequestrados".

Israel retirou seus diplomatas da Turquia durante o final de semana para "reavaliar as relações", enquanto o presidente Recep Tayyip Erdogan continuava criticando o Estado hebreu por suas ações na Faixa de Gaza.

A Jordânia foi o segundo país árabe a firmar a paz com Israel em 1994, após o Egito em 1979. Milhares de manifestantes têm pedido para Amã rescindir seu tratado de paz com Israel devido à guerra contra o Hamas.

A Jordânia, cuja população é estimada em pelo menos 50% de origem palestina, demonstrou preocupação com a guerra em Gaza.

"Todo o cenário da região está à beira do abismo", disse o rei Abdullah II da Jordânia após se encontrar com o chanceler alemão Olaf Scholz em Berlim na segunda semana do conflito. "Todos os nossos esforços são necessários para garantir que não cheguemos a esse ponto."

Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou por telefone com Abdullah. De acordo com a Casa Branca, os dois líderes discutiram ajuda humanitária para Gaza e como evitar que o conflito se espalhe.

Duas semanas após o início da guerra, Israel emitiu um aviso contra viagens para a Jordânia e outros países árabes.

No início deste mês, a Jordânia pediu aos Estados Unidos que implantassem seu sistema de defesa de mísseis Patriot para reforçar as defesas na fronteira do reino, já que a guerra está causando apreensão em toda a região.

Enquanto isso, a rainha Rania da Jordânia afirmou em uma entrevista que não há evidências verificáveis de que terroristas do Hamas tenham decapitado crianças durante o massacre em 7 de outubro no sul de Israel, apesar da disponibilidade de diversos materiais sobre as atrocidades.

Ela também acusou os líderes ocidentais de um "duplo padrão flagrante" por não condenarem o assassinato de civis palestinos por Israel durante seu contínuo bombardeio em Gaza.

Massacre de 7 de Outubro

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas romperam a fronteira com Gaza e invadiram comunidades do sul, matando mais de 1.400 pessoas, principalmente civis, e sequestrando mais de 240 outras, sob a cobertura de uma enxurrada de foguetes lançados sobre cidades e vilarejos israelenses.

A grande maioria das pessoas mortas quando homens armados tomaram as comunidades fronteiriças eram civis, incluindo bebês, crianças e idosos. Famílias inteiras foram executadas em suas casas e mais de 260 pessoas foram massacradas em um festival ao ar livre, muitas delas em meio a atos horríveis de brutalidade, tortura e violência sexual por parte dos terroristas.

Israel lançou uma ofensiva massiva na Faixa de Gaza, alegando que seu objetivo é destruir a infraestrutura do Hamas e prometeu eliminar todo o grupo terrorista que governa a região. Israel afirma estar mirando em todas as áreas onde o Hamas opera, tentando minimizar as baixas civis.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que os ataques israelenses mataram mais de 8.700 pessoas. No entanto, esses números não podem ser verificados de forma independente e acredita-se que incluam tanto civis quanto membros do Hamas mortos em Gaza, inclusive como resultado de erros nos lançamentos de foguetes pelos próprios grupos terroristas.

Publicado originalmente em The Times of Israel

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