Dois chineses morrem após fugirem da Guarda Costeira de Taiwan

Soldados de Taiwan ficam ao lado do navio Tuo Chiang da classe corveta produzido no país (direita) durante um exercício na cidade de Keelung, no norte de Taiwan, no dia 7 de janeiro de 2022 | SAM YEH/AFP via Getty Images

A Guarda Costeira taiwanesa pediu imediatamente que o barco parasse para inspeção, mas a tripulação resistiu e fugiu a toda velocidade

Dois supostos pescadores chineses morreram após a Guarda Costeira de Taiwan perseguir seu barco nas proximidades das ilhas Kinmen, localizadas a poucos quilômetros do litoral da China, segundo informaram nesta quinta-feira meios de comunicação taiwaneses.

De acordo com a agência estatal de notícias CNA, a Guarda Costeira taiwanesa detectou na tarde de quarta-feira quatro pessoas a bordo de uma lancha a cerca de dois quilômetros a leste da ilha de Beiding, uma das menores daquele arquipélago.

A Guarda Costeira taiwanesa pediu imediatamente que o barco parasse para inspeção, mas a tripulação resistiu e fugiu a toda velocidade, fazendo com que o veículo capotasse.

Posteriormente, a Guarda Costeira taiwanesa resgatou os quatro tripulantes e os transferiu ao hospital, mas dois deles não responderam aos esforços de reanimação e morreram.

Os outros dois estão em condição estável ​​e foram transferidos para Kinmen para serem colocados à disposição da Justiça, informou a CNA, que salientou que o barco não estava em nome de nenhum proprietário e que também não tinha número de registro.

Após o incidente, Pequim acusou as autoridades taiwanesas de tratarem os pescadores chineses – a imprensa oficial do gigante asiático afirma que se tratava de um navio de pesca, enquanto o lado da ilha não deu qualquer informação sobre a identidade da sua tripulação – de forma "brusca e perigosa".

Este teria sido o pano de fundo deste "incidente cruel", nas palavras de Zhu Fenglian, porta-voz do Gabinete de Assuntos sobre Taiwan do Conselho de Estado, o Executivo chinês.

O porta-voz exigiu que Taipei investigasse imediatamente o acontecimento, que respeitasse as operações de pesca na zona dos pescadores de ambos os lados do Estreito de Formosa e que garantisse a segurança pessoal dos pescadores chineses para evitar que estes tipos de incidentes voltem a acontecer.

Em resposta, o Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan – o órgão oficial responsável pelas relações com Pequim – esclareceu em um comunicado que as ações da Guarda Costeira estavam "de acordo com a lei", ao mesmo tempo em que criticou o lado chinês por não impedir as incursões ilegais dos seus cidadãos em águas taiwanesas.

"Lamentamos profundamente que a tripulação do continente tenha se recusado a cooperar com os nossos esforços de aplicação da lei e que este infeliz incidente tenha ocorrido. Esperamos também que as autoridades do continente possam impedir comportamentos semelhantes das pessoas do outro lado do Estreito de Taiwan", afirma o texto oficial.

As Ilhas Kinmen estão localizadas a apenas dez quilômetros da cidade chinesa de Xiamen, no sudeste do país, e a outros 187 quilômetros da ilha principal de Taiwan.

Este arquipélago, onde vivem cerca de 120.000 taiwaneses, tem sido alvo de múltiplas disputas entre a China e Taiwan ao longo das décadas, com destaque para o bombardeio massivo de 1958, quando o Exército chinês abriu fogo contra as ilhas no quadro da segunda crise do Estreito de Taiwan.

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