França pede no Conselho de Segurança da ONU que Israel deixe território do Líbano

Presidente da França, Emmanuel Macron (Foto: EFE/EPA/ABDUL SABOOR / POOL MAXPPP OUT)

Barrot comentou que a situação na Palestina foi "agravada pela atividade de colonos violentos na Cisjordânia"

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, pediu nesta terça-feira (29), no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que Israel "abandone" suas posições no território do Líbano para permitir o fim do confronto no Oriente Médio.

"O Líbano deve recuperar sua soberania, pedimos que as Forças de Defesa de Israel deixem o território libanês para que as Forças Armadas (libanesas) possam se posicionar, com o apoio da Unifil e dos mecanismos de monitoramento da França e dos Estados Unidos", disse Barrot.

Enquanto continua a bombardear Beirute regularmente, visando destruir redutos do Hezbollah, Israel mantém sua presença militar em cinco colinas do sul do Líbano para seguir monitorando as atividades do grupo terrorista libanês, algo repetidamente condenado por Líbano e ONU.

O chanceler francês, que nesta terça-feira presidiu uma sessão do Conselho de Segurança sobre a situação no Oriente Médio, deu mais detalhes sobre a conferência que organizará em junho, também na ONU, junto com a Arábia Saudita, para avançar na solução de dois Estados (israelense e palestino).

"O objetivo é claro: avançar no reconhecimento da Palestina e na normalização das relações com Israel, promovendo a integração regional e respondendo à aspiração legítima dos palestinos de ter um Estado", explicou.

Barrot comentou que a situação na Palestina foi "agravada pela atividade de colonos violentos na Cisjordânia" e pela "vontade de Israel de enfraquecer a Autoridade Palestina", mas ressaltou que a solução de dois Estados também envolve "o desarmamento do Hamas", a libertação de reféns e "a definição de uma governança confiável" sem a presença do grupo islâmico palestino.

O representante permanente adjunto de Israel na ONU, Jonathan Miller, respondeu durante a sessão que a cessação das hostilidades no Líbano não terminará até que "o governo libanês tenha o monopólio de sua força militar" ao desarmar o Hezbollah.

"Essa guerra pode terminar amanhã se o Hamas libertar os reféns e depor as armas. Essa conferência (organizada por França e Arábia Saudita) está fadada ao fracasso. É irrealista e pode fazer mais mal do que bem, pois cria expectativas desnecessárias", acrescentou Miller sobre o conflito israelense-palestino.

Já o representante palestino na ONU, Riyad Mansour, dedicou seu discurso a criticar o "absurdo" da posição israelense sobre a questão, que afirma que a solução de dois Estados levaria à destruição de Israel.

"As mesmas pessoas que se beneficiaram das resoluções da Assembleia Geral da ONU para sua criação como Estado (1947), nos dizem que a solução de dois Estados da ONU busca destruí-los, enquanto nós buscamos um caminho pacífico. Quem entre vocês realmente acredita nesse absurdo?", perguntou.

O secretário-geral da ONU,
António Guterres, esteve presente na sessão, onde pediu maior cooperação para alcançar "um futuro melhor para o povo do Oriente Médio, que está cansado do sofrimento sem fim".

"A situação está indo de mal a pior em Gaza, e agora é inimaginável. Desde que o cessar-fogo foi violado (por Israel em 18 de março), eles estão privados de combustível e ajuda humanitária, enquanto o mundo assiste", acrescentou Guterres, que calculou em 2 mil o número de palestinos mortos desde então, incluindo crianças, mulheres, jornalistas e trabalhadores humanitários.

Espanha critica Israel na CIJ e defende permanência da UNRWA nos territórios palestinos

Por sua vez, a Espanha usou sua fala na Corte Internacional de Justiça (CIJ) nesta terça-feira para pressionar Israel, afirmando que a ocupação dos territórios palestinos, classificada como ilegal pela própria corte, não isenta o país de suas obrigações com a população local.

Representando o governo espanhol, a embaixadora Consuelo Femenía Guardiola criticou a decisão israelense de revogar unilateralmente o acordo com a UNRWA, a agência da ONU que presta assistência aos refugiados palestinos, e acusou Israel de "violar o direito internacional" ao impedir a atuação de organizações humanitárias.

A diplomata afirmou ainda que Israel, como "potência ocupante", deve garantir a sobrevivência da população civil, incluindo o fornecimento de itens essenciais, e não pode exercer soberania sobre o território palestino.

Israel impediu a atuação da URNWA em territórios palestinos após acusar a agência de abrigar membros do grupo terrorista Hamas, incluindo aqueles que participaram diretamente do massacre de 2023.

Postar um comentário

0 Comentários