"Pequena Gaza" — uma zona autônoma significativamente reduzida para civis palestinos
Segundo um alto oficial da Defesa israelense, Israel estaria desenvolvendo planos para manter o controle de 70% a 75% da Faixa de Gaza após a conclusão da Operação Carruagens de Gideão, o que representaria uma mudança fundamental na abordagem sobre o futuro do território.
Segundo informações inicialmente divulgadas pelo Jewish Breaking News, a estratégia de Israel gira em torno da criação do que autoridades descrevem como uma "Pequena Gaza" — uma zona autônoma significativamente reduzida para civis palestinos. Paralelamente, Israel manteria controle de segurança de longo prazo sobre a maior parte do território.
De acordo com uma fonte da área de Defesa, que falou sob anonimato, o plano busca "reduzir Gaza, forçar o Hamas a perder território e tirá-lo da zona de conforto. O objetivo é cortar sua ligação com a população e estabelecer postos de controle e zonas de filtragem para identificar e neutralizar terroristas do Hamas".
Se implementada, a proposta representaria a alteração mais profunda na configuração territorial de Gaza desde a retirada total de Israel durante o plano de desengajamento de 2005.
O esboço do plano inclui pontos centrais como: zonas permanentes de segurança nas fronteiras norte e leste, sistemas de triagem e checagem voltados à identificação de militantes do Hamas, medidas para impedir que o grupo reassuma o controle de áreas civis e a presença contínua de forças militares israelenses em corredores estratégicos.
Autoridades israelenses definem essa abordagem como uma ofensiva tanto militar quanto territorial contra o Hamas, com a meta de separar o grupo da população civil, que tem sido usada historicamente como escudo e base de apoio político.
A proposta surge após meses de intensas operações militares voltadas à destruição de túneis, eliminação de batalhões do Hamas e esforços para resgatar reféns.
A implementação de um plano desse porte remodelaria profundamente o cenário político da Faixa de Gaza e, inevitavelmente, provocaria intensa controvérsia internacional.
A estratégia de controle territorial também está conectada a um desdobramento paralelo e igualmente delicado: a realocação populacional. Durante sua primeira coletiva de imprensa em cinco meses, realizada na quarta-feira, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu declarou que a implementação do plano do Presidente Donald Trump, que prevê a transferência de civis palestinos de Gaza, seria uma condição para o fim do conflito — a primeira vez que Netanyahu faz tal exigência de forma explícita. Ele classificou o plano de Trump como "revolucionário" e "brilhante", afirmando que teria o potencial de transformar o Oriente Médio.
De acordo com a NBC News, o governo Trump estaria desenvolvendo um plano para realocar permanentemente até 1 milhão de palestinos de Gaza para a Líbia, segundo cinco fontes familiarizadas com o projeto. O plano teria avançado para o estágio de negociações com a liderança líbia, segundo duas pessoas com conhecimento direto e um ex-oficial dos EUA. Em troca da aceitação dos refugiados palestinos, Washington cogita liberar bilhões de dólares em fundos líbios congelados há mais de uma década.
Essas movimentações ocorrem em meio a uma intensificação da atividade diplomática em torno do reconhecimento de um Estado palestino. Uma conferência patrocinada pela ONU, com início marcado para 17 de junho em Nova York, será coorganizada por Arábia Saudita e França com o objetivo de tratar do tema. França, Reino Unido e Canadá têm defendido abertamente o reconhecimento do Estado palestino, e autoridades francesas esperam conquistar apoio adicional de países como Bélgica, Portugal, Luxemburgo e outras nações europeias.
Enquanto isso, a política interna de Israel também registra avanços nesse debate. Em fevereiro, o deputado Ohad Tal, do Partido Sionista Religioso, apresentou um projeto de lei para estender a soberania israelense a toda a região da Judeia e Samaria. Paralelamente, a Conservative Political Action Conference (CPAC), nos Estados Unidos, aprovou uma resolução em apoio ao reconhecimento americano da soberania israelense sobre esses mesmos territórios.
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