Um diplomata em Paris afirmou que a conferência, organizada conjuntamente por França e Arábia Saudita, deverá levar mais países a se somarem aos 150 que já reconheceram o Estado palestino
A conferência internacional para relançar a solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino será realizada de 17 a 20 de junho em Nova York, sob liderança de França e Arábia Saudita, confirmou à AFP nesta sexta-feira (16) uma porta-voz da Assembleia Geral da ONU.
A realização do encontro "de alto nível" é resultado de uma resolução da Assembleia Geral, adotada em dezembro do ano passado, que pede negociações críveis no processo de paz do Oriente Médio "para a solução pacífica da questão dos palestinos e a aplicação da solução de dois Estados".
As datas da conferência foram confirmadas pela porta-voz Sharon Birch.
Segundo uma fonte diplomática próxima dos trabalhos preparatórios, o evento deveria ser a ocasião para "anunciar ações rápidas, com prazos irreversíveis" com vistas a um reconhecimento mais amplo da Palestina como Estado de pleno direito.
Cerca de 150 países reconhecem o "Estado palestino", que é membro observador das Nações Unidas, mas não membro de pleno direito pela falta do voto favorável à questão por parte do Conselho de Segurança.
Em maio de 2024, Irlanda, Noruega e Espanha reconheceram o Estado palestino. Foram seguidos pela Eslovênia no mês seguinte, mas a maioria dos países ocidentais, entre eles a França, não deu esse passo.
No mês de abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que queria aproveitar a conferência de Nova York para lançar uma série de reconhecimentos do Estado palestino, "mas também o reconhecimento de Israel por parte de Estados que hoje não o fazem".
Em 2020, os Acordos de Abraão patrocinados por Donald Trump durante o seu primeiro mandato na Casa Branca levaram à normalização das relações entre Israel e três países árabes: Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.
Mas outras nações árabes se recusaram até agora a aderir a esse processo, particularmente a Arábia Saudita, mas também a Síria e o Líbano, vizinhos de Israel — embora Trump tenha indicado recentemente que Síria e Arábia Saudita poderiam aderir aos Acordos no momento oportuno.
A normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel — um objetivo de longa data da política externa dos EUA — parecia estar prestes a acontecer nas semanas que antecederam o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, com dois ministros israelenses realizando visitas oficiais sem precedentes ao reino saudita. No entanto, a perspectiva de normalização desapareceu à medida que o sentimento anti-Israel no mundo árabe atingiu novos patamares, em meio à guerra em Gaza desencadeada pelo ataque.
Riad passou, desde então, a condicionar a normalização a um caminho claro para a criação de um Estado palestino — algo ao qual o governo de Netanyahu se opõe firmemente. Vários de seus ministros apoiam abertamente propostas de anexação da Cisjordânia, território capturado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, e que a ONU destina à formação de um futuro Estado palestino.
O governo israelense também acusa a Autoridade Palestina de incitar o terrorismo, tanto por meio do sistema educacional quanto pelo pagamento de subsídios a palestinos presos por Israel.
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