Representantes de Igrejas, comunidades eclesiais e de outras religiões quiseram participar da Missa de início do pontificado do Papa, que os recebeu na manhã de segunda-feira (19/05) em audiência. O cardeal Koovakad afirmou: "Não há dúvida de que o diálogo inter-religioso será uma das prioridades do empenho missionário deste Pontífice", publicou o Vatican News.
"Juntos, como um só povo, todos como irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros." Com essas palavras, o Papa Leão XIV concluiu sua homilia durante a Missa de início do ministério petrino no domingo, 18 de maio, ocasião na qual convidou todos a escutar a proposta de amor de Cristo, que é o caminho a seguir "entre nós, mas também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca por Deus, com todas as mulheres e homens de boa vontade, para construir um mundo novo onde reine a paz". A celebração contou com a presença de diversas delegações de outras religiões, que escutaram atentamente as palavras do novo Pontífice e que foram recebidas nesta segunda-feira, 19 de maio, pela manhã em audiência, juntamente com representantes de outras Igrejas e comunidades eclesiais.
"Representantes de budistas, hindus, jainistas e sikhs — obviamente junto com os muçulmanos, com os quais o diálogo já é consolidado há décadas — pediram para participar da Liturgia de início do pontificado do Papa Leão XIV", explica o prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, cardeal George Koovakad. "Por um lado é fácil compreender que essa presença fraterna e amigável é o fruto maduro de sessenta anos de um processo de diálogo inter-religioso iniciado com a Nostra Aetate; por outro, não se pode deixar de se impressionar com o desejo expressado por outras crenças de compartilhar com os católicos os primeiros passos do novo caminho que o atual Papa indicará à Igreja e à comunidade global de fiéis."
As vozes dos representantes de outras religiões
De fato, o adro da Basílica, em 18 de maio, mostrou os muitos tons e cores característicos das vestes tradicionais das várias comunidades religiosas. "Perdemos o Papa Francisco, que era um homem precioso, e queremos trabalhar com o novo Papa, que desde o início falou sobre a paz — tema central para a Liga Muçulmana Mundial, que mantém relações fortes e históricas com o Vaticano", declarou Abdulaziz Sarhan, consultor e comissário coordenador da Liga Muçulmana Mundial junto ao Vaticano.
"O mundo enfrenta diversos desafios e precisamos enfrentá-los juntos. Nenhuma comunidade religiosa pode fazê-lo sozinha, mas juntas podemos colaborar pela paz", insiste Malcom M. Deboo, presidente do Fundo Fiduciário Zoroastrista da Europa, ao refletir sobre a importância de estar presente neste momento inicial do pontificado, para realmente colaborar na construção dessas "pontes" que, desde sua primeira saudação no dia da eleição, o Papa Leão XIV tem mencionado repetidamente.
Sobre esse mesmo tema, também falou o rabino Mark Dratch, presidente do Comitê Judaico Internacional para Consultas Inter-religiosas (IJCIC), organização que representa um dos parceiros do mundo judaico no diálogo com o Vaticano. O rabino Dratch recorda que "desde a Nostra Aetate, a relação entre o mundo católico e o judaico evoluiu positivamente em várias direções, em termos de fraternidade, respeito e compreensão mútua. Estamos ansiosos para desenvolver nosso relacionamento com o Papa Leão e fortalecer os laços entre as comunidades judaicas e católicas, não apenas no nível da liderança, mas também entre os fiéis de nossas congregações, para que as pessoas em nossas comunidades se conheçam e se apreciem mutuamente".
A atenção aos que estão à margem
O olhar para a herança do passado e, ao mesmo tempo, para as esperanças do futuro em um momento de transição como o que vivemos precisa ser equilibrado cuidadosamente no presente. "Fui profundamente tocada pela obra do Papa Francisco e acredito que o Papa Leão está seguindo seus passos, especialmente no que diz respeito à inclusão, sendo muito atento às necessidades daqueles que estão à margem da sociedade", comenta a irmã Maureen Goodman, da Brahma Kumaris, que há várias décadas atua no âmbito inter-religioso e já encontrou diversos Pontífices representando sua tradição. Antes da audiência de ontem, ela compartilhou: "Gostaria de parabenizar o Papa Leão e fazê-lo saber que, em seu trabalho em favor da humanidade, estaremos ao seu lado para apoiá-lo".
Também Mitsuyo Niwano — presidente designada da organização budista Rissho Kosei-kai e neta de Nikkyo Niwano, que há 60 anos foi um dos observadores não cristãos no Concílio Vaticano II — quis assegurar ao Papa Leão XIV: "Caminharemos junto com ele". Mitsuyo explica que "a forma do diálogo pode mudar com o tempo, à medida que a sociedade se transforma, mas o diálogo continua". De fato, "talvez no passado fosse importante encontrar os pontos em comum no diálogo; hoje, podemos aceitar não concordar em tudo e ainda assim trabalhar pela paz, aceitando nossas diferenças".
Um diálogo humilde e concreto
"Se, como diz o provérbio, 'o bom dia se vê desde cedo' (ou, neste caso, desde o entardecer, na noite da eleição!), não há dúvida de que o diálogo inter-religioso será uma das prioridades do empenho missionário deste pontificado", conclui o prefeito Koovakad. "A curto prazo, o Papa Leão XIV parece querer encarnar uma espiritualidade do diálogo humilde, concreta e profética, capaz de construir pontes sem abrir mão da identidade. Um Papa que escuta, acolhe e caminha com todos."
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