Após deportação de Greta, Egito bloqueia entrada de ativistas que pretendiam ir a Gaza

Ativistas da "Marcha Global para Gaza" partindo do Aeroporto de Schiphol com destino ao Egito, em Schiphol, Holanda (Foto: EFE/EPA/Ramon van Flymen)

"Os detidos no aeroporto do Cairo foram imediatamente deportados, apesar de terem vistos válidos para o Egito"

Autoridades egípcias confirmaram nesta quinta-feira (12) que já iniciaram a deportação de todos os ativistas que pretendiam entrar no Egito para participar da chamada Marcha Global para Gaza, mesmo que tenham vistos válidos, e ressaltaram que aqueles que já estão no país com essa intenção também serão detidos e deportados "imediatamente".

Fontes dos serviços de segurança egípcios informaram à Agência EFE que o comboio que protestava contra a situação na Faixa de Gaza, que saiu da Tunísia e pretendia chegar ao país, "não tem permissões ou vistos para nenhum de seus membros e foram emitidas ordens para não concedê-los ou permitir que entrem no país".

"Os detidos no aeroporto do Cairo foram imediatamente deportados, apesar de terem vistos válidos para o Egito. Qualquer pessoa detida dentro do país também será deportada imediatamente e, se houver egípcios entre eles, foram emitidas ordens para sua prisão imediata", acrescentou uma fonte.

Nesta manhã, coordenadores e participantes da mobilização informaram à EFE que vários ativistas de diversas nacionalidades que pretendiam participar da Marcha Global para Gaza estavam detidos na fronteira egípcia ou sendo transferidos de seus hotéis para o aeroporto do Cairo.

De acordo com o que as fontes disseram, sob condição de anonimato, cerca de 50 pessoas foram retidas em uma sala no aeroporto do Cairo, enquanto um número indeterminado foi levado de volta ao aeroporto pela polícia dos hotéis onde estavam hospedados na capital egípcia.

Um ativista espanhol, que permanece em seu hotel no Cairo, relatou à EFE que a coordenação da Marcha foi "desarmada" e que tudo indica que "não será possível partir" para Rafah, como haviam planejado.

Alguns ativistas que foram detidos no aeroporto do Cairo começaram a ser liberados, inclusive membros da delegação espanhola, confirmaram à EFE os organizadores da Marcha Global para Gaza e fontes diplomáticas espanholas.

"Todas as embaixadas europeias estão presentes no aeroporto do Cairo para exigir a libertação dos participantes detidos. Várias pessoas já estão sendo libertadas, inclusive membros da delegação espanhola", informaram os organizadores em uma breve mensagem em seu canal oficial.

Fontes diplomáticas espanholas confirmaram à Agência EFE que estão presentes no aeroporto da capital egípcia e que "a maioria dos espanhóis está sendo liberada", enquanto há "seis pessoas entre os deportados ou aguardando deportação". Entretanto, é muito difícil verificar o número total de pessoas que foram detidas anteriormente.

Um dos espanhóis deportados esta manhã do Egito é Pablo Castilla, porta-voz da Contracorrent e ativista pró-Palestina, que disse à EFE do aeroporto de Istambul que havia sido deportado do Egito junto com mais de 80 ativistas, incluindo Santiago Lupe, jornalista e diretor do La Izquierda Diario, que estavam a caminho da Marcha.

Ele explicou que as autoridades egípcias apreenderam seus passaportes na zona de controle: "E, desde então, eles nos mantiveram separados junto com dezenas de outras pessoas", contou. Castilla criticou a embaixada espanhola no Egito porque, ao ser contatada, afirmou que "não entendia e não podia fazer nada" se o motivo da viagem fosse a Marcha.

Na quarta-feira, as forças de segurança egípcias informaram a prisão de mais de cem ativistas que planejavam participar da Marcha, uma mobilização que nunca recebeu autorização do país.

O Egito já havia assegurado na quarta-feira a necessidade de "obter aprovação prévia" para a Marcha e que só a permitiria se fossem seguidos os "canais oficiais".

"À luz das recentes solicitações e consultas sobre visitas de delegações estrangeiras à área de fronteira adjacente a Gaza (cidade de Al Arish e passagem de Rafah) para expressar apoio aos direitos palestinos, o Egito afirma a necessidade de obter aprovação prévia para tais visitas", comunicou o Ministério das Relações Exteriores, em sua primeira reação oficial à convocação.

O país árabe insistiu que a única maneira de aceitar uma mobilização é se ela for feita "seguindo as medidas e os mecanismos regulamentares", que incluem a solicitação às embaixadas egípcias no exterior.

Os organizadores da manifestação, que tem como objetivo romper o bloqueio israelense à ajuda humanitária ao enclave palestino, também admitiram na quarta-feira que não haviam recebido nenhuma resposta oficial do Egito à solicitação.

De acordo com o grupo, cerca de quatro mil pessoas devem participar da mobilização, que deve se reunir no Cairo nesta quinta-feira e partir amanhã em um comboio para a cidade de Al Arish, a capital de Sinai do Norte.

Em seguida, pretendiam caminhar três dias até Rafah, acampar por mais 72 horas na fronteira e depois retornar à capital egípcia.

Sinai do Norte é um território proibido para estrangeiros, que só podem entrar com a permissão expressa das autoridades.

Na quarta-feira, a embaixada da Espanha no Cairo advertiu que a marcha não é autorizada pelas autoridades egípcias e lembrou que participar de uma manifestação no país árabe sem autorização prévia é "uma ofensa punível".

Essa marcha global, assim como a Flotilha da Liberdade interceptada pelas autoridades israelenses na segunda-feira com outros ativistas como Greta Thunberg, busca "protestar" contra o bloqueio imposto por Israel na região.

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