"Em um contexto de transformação tecnológica e incerteza geopolítica, a ameaça do terrorismo é mais difusa e complexa"
O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) está usando inteligência artificial (IA) para ampliar seu "alcance e impacto" e em outras tarefas, como o recrutamento de novos jihadistas, afirmou nesta quarta-feira (20), Natalia Gherman, que lidera a Direção Executiva contra o Terrorismo (DECT), o braço operacional do Comitê contra o Terrorismo (CCT) da ONU.
"O uso que o EI faz da inteligência artificial e das redes sociais para recrutamento, arrecadação de fundos e propaganda exige respostas inovadoras", disse Gherman.
Embora a IA esteja sendo usada para ampliar o alcance e o impacto do grupo, ela também oferece "um potencial significativo para que os Estados melhorem a detecção, a prevenção e a interrupção das atividades terroristas".
Apesar da ausência de grandes operações recentemente , o EI expandiu suas operações em 2024 para 22 países, de acordo com o Índice Global de Terrorismo 2025, elaborado pelo Instituto para a Economia e a Paz (IEP) da Austrália.
Além disso, continua sendo a organização jihadista mais letal do planeta, em razão de terem causado 1.805 mortes em 2024 — com 71% de sua atividade na Síria e República Democrática do Congo.
O grupo terrorista também continua presente em países como Líbia, Iraque e Somália, e o DECT comprometeu-se a apoiar todos os Estados-membros da ONU que precisarem.
Especificamente, ofereceu ajuda para combater o uso que o EI faz de drones e outras "tecnologias financeiras emergentes", como criptomoedas e sistemas de blockchain, que dificultam a rastreabilidade dos investimentos e doações internacionais que recebem.
"Em um contexto de transformação tecnológica e incerteza geopolítica, a ameaça do terrorismo é mais difusa e complexa", concluiu Gherman.
O alto comissário do secretário-geral das Nações Unidas para o Escritório de Combate ao Terrorismo (UNOCT), Vladimir Voronkov, acrescentou que grupos terroristas como o EI "experimentam cada vez mais a inteligência artificial para impulsionar sua propaganda" e aproveitam plataformas de mensagens criptografadas para proteger as comunicações.
"A ameaça representada pelo EI continua sendo volátil e complexa, e o grupo e seus afiliados continuam se adaptando e demonstrando resiliência, apesar dos constantes esforços antiterroristas", declarou.
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