Departamento de Estado americano faz novos alertas ao Brasil: 'Ações terão consequências'

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, sancionado pelos EUA com base na Lei Magnitsky (Foto: Antonio Lacerda/EFE)

"Estamos acompanhando bem de perto os acontecimentos no Brasil, particularmente os relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro"


Dois altos funcionários do Departamento de Estado americano voltaram a fazer alertas nesta quarta-feira (17) ao Brasil, sinalizando medidas em resposta à condenação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Darren Beattie, subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública e Assuntos Públicos dos Estados Unidos, compartilhou no X um trecho de uma entrevista do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que disse à Fox News que novas medidas contra o Brasil devem ser anunciadas na semana que vem.

"Estamos acompanhando bem de perto os acontecimentos no Brasil, particularmente os relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro", escreveu Beattie.

O vice-secretário de Estado americano, Christopher Landau, que mais cedo havia afirmado que os Estados Unidos esperam "que o Brasil controle seu descontrolado juiz [do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de] Moraes", voltou a falar do país no X.

Ele compartilhou uma notícia da agência EFE de 1977 sobre a nomeação do seu pai, George Landau, como embaixador americano no Chile, quando o país sul-americano vivia sob a ditadura de Augusto Pinochet.

Na reportagem, George Landau afirmou perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos que "os embaixadores americanos não têm que dizer aos governos o que fazer, mas podem explicar quais podem ser as repercussões das medidas que adotarem".

"A atual crise em nossas relações com o Brasil oferece um bom momento para reafirmar um ponto básico sobre diplomacia que meu pai afirmou há meio século: não é nosso trabalho como diplomatas dizer a outros países soberanos o que fazer, mas é nosso trabalho informá-los de que suas ações podem e terão consequências", escreveu Cristopher Landau.

Na semana passada, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por acusações de tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022, num julgamento que Rubio e o presidente americano, Donald Trump, chamaram de "caça às bruxas".

Antes da decisão do STF contra o ex-presidente brasileiro, uma tarifa de 50% na importação de produtos do Brasil imposta por Washington havia entrado em vigor em 6 de agosto.

O governo Trump mencionou como um dos motivos para a tarifa o processo contra Bolsonaro no STF. Entretanto, a taxa não foi aplicada para cerca de 700 produtos brasileiros, entre eles, suco e polpa de laranja e aeronaves civis.

No final de julho, o Departamento do Tesouro americano impôs sanções econômicas contra Moraes com base na Lei Magnitsky, uma legislação dos Estados Unidos que permite a Washington aplicar punições contra acusados de violação de direitos humanos e corrupção em todo o mundo.

Antes disso, o Departamento de Estado havia anunciado a revogação dos vistos de Moraes, de "aliados dele" no STF e seus familiares, que ficaram assim impedidos de entrar nos Estados Unidos.

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