Israel atacou prédios na Cidade de Gaza, dizendo que eles eram usados pelo Hamas
As forças armadas israelenses solicitaram a evacuação total da cidade de Gaza em 9 de setembro, instando os residentes a se deslocarem para as áreas sul do território, à medida que sua ofensiva se intensificava.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Avichay Adraee, afirmou em uma publicação na rede social que as forças armadas "agiriam com grande força na área" e alertou que permanecer na cidade de Gaza era "extremamente perigoso".
Em outra postagem no X, ele instou "todos os residentes da cidade de Gaza e aqueles presentes em todos os seus bairros, desde a Cidade Velha e Al-Tuffah, no leste, até o mar, no oeste" a evacuarem imediatamente para Al-Mawasi, uma área no sul de Gaza que Israel designou como zona humanitária.
O anúncio foi feito após ataques israelenses a arranha-céus na cidade de Gaza nos últimos dias. O Exército de Israel afirmou que os edifícios faziam parte da infraestrutura terrorista usada pelo Hamas para plantar explosivos, instalar equipamentos de coleta de inteligência e posicionar postos de observação.
Os ataques fazem parte de uma ofensiva militar ampliada no enclave, depois que Israel aprovou planos para assumir o controle da cidade de Gaza, apesar das críticas internacionais.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou em 9 de setembro que "um ataque devastador atingiu Gaza ontem com uma força sem precedentes", acrescentando que 30 "edifícios terroristas" de vários andares foram destruídos, juntamente com dezenas de outros alvos.
"Se os terroristas do Hamas não depuserem as armas e libertarem todos os reféns, eles serão destruídos e Gaza será devastada", afirmou Katz no X.
Um dia antes, o Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que Israel já havia derrubado 50 prédios em Gaza, acrescentando que a campanha aérea era "apenas o começo" antes de uma incursão terrestre na cidade de Gaza.
Não ficou imediatamente claro se as torres às quais Katz se referiu eram adicionais às mencionadas por Netanyahu.
No mês passado, Katz alertou que a cidade de Gaza poderia enfrentar uma destruição semelhante à de Rafah e Beit Hanoun, a menos que o Hamas se desarmasse e libertasse os reféns. Ele disse que o governo havia aprovado planos das IDF envolvendo "fogo intenso, evacuação de residentes e manobras".
A guerra em Gaza começou quando terroristas liderados pelo Hamas sequestraram 251 pessoas em 7 de outubro de 2023, em Israel, e mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis. Quarenta e oito reféns ainda estão em Gaza, cerca de 20 deles acredita-se que estejam vivos.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, mais de 64.000 pessoas foram mortas desde o início da guerra. O ministério não diferencia civis e combatentes na contagem.
Situação humanitária
O Exército de Israel designou áreas humanitárias em Khan Younis e Al-Mawasi, na parte sul da Faixa de Gaza, para acomodar os evacuados.
As IDF informaram que as instalações incluem hospitais de campanha, usinas de dessalinização, distribuição de alimentos e medicamentos e tubulações de água, em coordenação com organizações internacionais e as Nações Unidas.
A Coordenação das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT, na sigla em inglês), que é uma unidade oficial do governo israelense encarregada da coordenação e facilitação de iniciativas humanitárias na Cisjordânia e em Gaza, informou em 4 de setembro que milhares de tendas e equipamentos de abrigo haviam entrado em Gaza e que outras dezenas de milhares eram esperadas "nos próximos dias".
As Nações Unidas alertaram para o agravamento das condições.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em 8 de setembro que “mais de 80% de Gaza está sob ordens de deslocamento ou dentro de áreas militarizadas designadas por Israel”.
Dujarric, citando o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, afirmou que, com as forças armadas israelenses instruindo as pessoas a se deslocarem de partes da cidade de Gaza para o sul, a população estava em extrema necessidade de alimentos, água e itens de abrigo.
"Vocês devem ter visto que, no fim de semana, nosso subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, exigiu medidas urgentes para impedir a propagação da fome e do sofrimento em Gaza", disse Dujarric. "Ele alertou que há uma janela estreita, até o final de setembro, para impedir que a fome se espalhe para Deir al Balah e Khan Younis, e que essa janela está se fechando rapidamente."
O COGAT informou que cerca de 280 caminhões de ajuda humanitária e caminhões-tanque entraram em Gaza, com mais de 280 já distribuídos pela ONU e por grupos internacionais. Acrescentou que centenas de outros aguardavam para serem recolhidos no lado de Gaza e prometeu ampliar os esforços para facilitar a ajuda humanitária.
Disputa pela soberania
A expansão das operações militares de Israel na cidade de Gaza ocorre no momento em que o governo israelense reafirma suas condições para o fim da guerra.
Estas condições incluem o desarmamento do Hamas, a libertação dos reféns, a continuidade do controle de segurança israelense em Gaza e a criação de uma administração civil não afiliada ao Hamas ou à Autoridade Palestina.
Israel condenou os planos da França, Reino Unido, Canadá, Bélgica e Austrália, entre outros, de reconhecer um Estado palestino em setembro.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, em 9 de setembro, criticou as medidas como desestabilizadoras e um incentivo para o Hamas prolongar a guerra.
Ele exortou os líderes mundiais a ajudarem Israel contra os grupos jihadistas e rejeitou os esforços internacionais para promover a criação de um Estado palestino, argumentando que a Autoridade Palestina apoia o terrorismo e não merece reconhecimento.
Os comentários de Sa’ar vieram após um ataque a um ponto de ônibus nos arredores de Jerusalém em 8 de setembro, que matou seis pessoas.
Ao visitar o local, Netanyahu afirmou que Israel estava em guerra contra o terrorismo. Ele disse que os assassinatos e ataques não enfraqueceriam o país, mas, ao contrário, fortaleceriam sua determinação em completar sua missão "em Gaza, Judéia e Samaria e em todos os lugares".
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