O relatório aponta que, devido ao aumento significativo dos incidentes antissemitas, muitos judeus estão ocultando sua identidade por medo de represálias
Um estudo realizado pelo Grupo de Trabalho de Grandes Comunidades contra o Antissemitismo (J7), divulgado na última quarta-feira (7), aponta para um crescimento de incidentes antissemitas no mundo, sobretudo nos Estados Unidos e Austrália.
O relatório, apresentado em Berlim na data que marcou o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, aponta para um aumento de 317% nos incidentes antissemitas na Austrália em 2024. Já nos Estados Unidos, o crescimento foi de 5%. Em anos anteriores, o aumento foi significativo em países como França, Canadá, Alemanha e Reino Unido, com crescimento de até 227% nos incidentes antissemitas nos Estados Unidos entre 2021 e 2023.
Marina Rosenberg, vice-presidente Sênior de Assuntos Internacionais da Liga Antidifamação (ADL) afirmou que "desde 7 de outubro de 2023, o antissemitismo aumentou a níveis sem precedentes em sociedades onde a maioria dos judeus vive na diáspora".
Rosenberg fez um chamado aos governos para que adotem as Diretrizes Globais para Combater o Antissemitismo, a fim de garantir a segurança e a dignidade das comunidades judaicas.
O relatório aponta que, devido ao aumento significativo dos incidentes antissemitas, muitos judeus estão ocultando sua identidade por medo de represálias.
O J7 reúne organizações judaicas da Argentina, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos e foi criado em resposta aos alarmantes níveis de antissemitismo.
"Na Argentina, estamos alarmados com o aumento exponencial do antissemitismo em âmbitos educacionais, acadêmicos e profissionais, onde preconceitos históricos são reproduzidos sob o pretexto de pensamento crítico ou causas justas", disse Mauro Berenstein, presidente da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia).
Especialista aponta razões do crescimento do antissemitismo
Para Daphne Klajman, especialista em antissemitismo e coordenadora acadêmica do Hillel Rio, o "relatório, infelizmente, confirma o que pesquisadores de antissemitismo já sabiam: estamos chegando num ápice do antissemitismo desde o século XX".
Ela celebra o fato do relatório ter sido apresentado em Berlim, no 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. "Berlim, hoje em dia, é um dos líderes de estudos do antissemitismo mundial. Isso reflete que um país que um dia era responsável pelo genocídio de 6 milhões de judeus, hoje em dia tem os estudos mais tecnológicos e mais realmente científicos para identificar esse ódio", disse.
Ela conclui afirmando que "um estudo empírico falando que o antissemitismo é real ajuda a apresentar esse caso para os governos, para que haja um aumento da proteção dessas comunidades".
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