Netanyahu busca apoio da direita para cessar-fogo em Gaza

Benjamin Netanyahu fala com o líder do partido sionista religioso, Bezalel Smotrich (em pé), durante uma votação na sessão plenária no salão de assembleias do Knesset, o parlamento israelense em Jerusalém | Yonatan Sindel/Flash90

Bezalel Smotrich exige a retomada imediata dos combates após a libertação dos reféns, enquanto Itamar Ben Gvir rejeita qualquer ideia de retirada do Exército israelense de áreas estratégicas em Gaza

Na véspera de uma reunião decisiva do gabinete israelense neste domingo, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu trabalha para convencer ministros da ala direita de seu governo a aceitarem um novo plano de cessar-fogo com o Hamas.

A proposta, que prevê uma trégua de 60 dias, tem gerado fortes tensões internas, especialmente em relação à retirada parcial das tropas da Faixa de Gaza e à gestão da ajuda humanitária.

No sábado, recém-chegado de Washington, Netanyahu se reuniu com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich. Apesar de várias conversas telefônicas anteriores, o encontro teve como objetivo reduzir a oposição de Smotrich, que se mostra veementemente contrário a qualquer acordo que, em sua visão, represente o abandono do objetivo de guerra de desmantelar o Hamas. Ele exige que os combates sejam retomados imediatamente após a libertação dos reféns.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, compartilha dessa postura rígida e rejeita qualquer ideia de retirada do Exército israelense de áreas estratégicas.

O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir | Olivier Fitoussi/Flash90
O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir | Olivier Fitoussi/Flash90


Do lado palestino, as negociações estão empacadas. Um aliado do Hamas afirma que o impasse se deve à insistência de Israel em manter o controle sobre 40% da Faixa de Gaza durante a trégua. Um funcionário israelense nega essa versão, acusando o Hamas de bloquear a proposta dos mediadores:

"Se tivessem aceitado a proposta do Catar, já estaríamos discutindo uma saída para o conflito."

Outro ponto sensível é a criação de uma "cidade humanitária" em Rafah, cujo custo está estimado entre US$ 2,6 e 4 bilhões. Alguns ministros acusam o Exército de inflar os custos para influenciar a estratégia. A oposição reagiu com indignação, e o líder Yair Lapid criticou a "corrida cega" em torno do plano:

"Com esse dinheiro, poderíamos aliviar o peso sobre as famílias israelenses. Netanyahu está deixando Smotrich e Ben Gvir fantasiar para manter sua coalizão. Precisamos encerrar essa guerra e trazer os reféns de volta."

Por enquanto, não há consenso à vista, mesmo com o aumento da pressão diplomática e humanitária.

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