Netanyahu antes de embarcar para Washington: "Há uma oportunidade para ampliar o círculo de paz"

Netanyahu parte para Washington e promete garantir o retorno dos reféns a Israel | Reuters

Primeiro-Ministro israelense viaja para Washington para encontro com Presidente dos EUA na segunda-feira (7). 

O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu embarcou nesta tarde de domingo para Washington, onde se encontrará com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma visita diplomática importante que terá como foco principal: a questão do acordo para a libertação dos sequestrados e o cessar-fogo em Gaza, a questão iraniana, cooperação de segurança e econômica entre Israel e os Estados Unidos, além de uma iniciativa para ampliar os Acordos de Abraão.

O embaixador americano Mike Huckabee afirmou: "Não quero fazer previsões antes da visita. Mas espera-se que seja uma boa visita". As informações são do jornal diário israelense Maariv.

Antes de seu voo, Netanyahu declarou:

"Estou partindo junto com minha esposa para nos encontrarmos com Trump. Vamos nos reunir com todas as principais lideranças do governo e do Congresso, de ambos os partidos. Antes de tudo, quero agradecê-lo por seu forte posicionamento a favor de Israel, que trouxe uma grande vitória sobre nosso inimigo, o Irã."

"Durante anos tememos o que fazer em relação ao Irã e se conseguiríamos enfrentá-lo", acrescentou. "Nossos pilotos heroicos voaram — e não apenas lá, também contra o Líbano. Também lá, durante anos temíamos o que o Hezbollah faria. Atingimos o Hamas, isso gera um grande compromisso e novas oportunidades. Nossa responsabilidade agora é preservar essa conquista."

"Mas também há uma oportunidade — e essa oportunidade é ampliar o círculo de paz muito além do que poderíamos imaginar. Já transformamos o Oriente Médio de maneira sem precedentes, e temos a chance de trazer um grande futuro para o povo de Israel e para toda a região. Há grandes conquistas e tarefas que ainda precisam ser concluídas. Libertamos reféns, mas ainda restam 20 reféns vivos e 30 corpos de vítimas."

"Estou determinado a trazer todos de volta e a garantir que Gaza não represente uma ameaça para Israel", afirmou. "Não permitiremos uma situação que incentive novos sequestros e assassinatos — e isso significa eliminar as capacidades militares do Hamas. O Hamas não estará mais lá. Estou comprometido com três missões: trazer todos os nossos reféns de volta, remover o Hamas de Gaza e garantir que Gaza nunca mais seja uma ameaça. Faremos tudo isso por meio dos nossos combatentes e com as decisões corretas e corajosas que tomamos."

A reunião principal entre o Primeiro-Ministro Netanyahu e o Presidente Trump, no Salão Oval, foi marcada para segunda-feira às 18h30 (01h30 da madrugada, no horário de Israel). O gabinete do Primeiro-Ministro está tentando antecipar o encontro, mas até o momento não houve alteração na agenda.

Antes da reunião na Casa Branca, Netanyahu realizará uma série de encontros diplomáticos na residência oficial de hóspedes do Presidente com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e com o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Essas reuniões ocorrerão sob a sombra do início das negociações para um acordo sobre os sequestrados e um cessar-fogo, que começarão hoje em Doha, capital do Catar, com a participação de uma delegação israelense de alto escalão.

Benjamin Netanyahu e Sara Netanyahu antes do voo para Washington (Foto: Gabinete do Primeiro-Ministro)
Benjamin Netanyahu e Sara Netanyahu antes do voo para Washington (Foto: Gabinete do Primeiro-Ministro)

Na terça-feira, o premiê deve se reunir com parlamentares do Congresso e do Senado, de ambos os partidos, para apresentar a posição de Israel em relação ao acordo de cessar-fogo e aos riscos representados pelo cenário iraniano.

Na quarta-feira, ele visitará pela primeira vez, durante esta viagem, o Pentágono, onde terá uma reunião com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth. Netanyahu deve retornar a Israel na quinta-feira, com previsão de pouso no Aeroporto Ben-Gurion na manhã de sexta-feira.

No centro da visita: acordo sobre os reféns e cessar-fogo

A questão do acordo envolvendo os reféns deve estar no centro da agenda das reuniões — tanto com Steve Witkoff quanto com o próprio Trump.

Na Casa Branca, há expectativa de avanços nas negociações, e é provável que propostas americanas de compromisso em relação aos pontos mais delicados sejam apresentadas a Netanyahu.

Netanyahu busca promover um plano acordado para a libertação gradual dos reféns e um cessar-fogo de 60 dias. Trump, que está pessoalmente envolvido nos detalhes do acordo, deverá discutir com Netanyahu a questão das garantias americanas para a implementação do pacto — especialmente no que diz respeito às negociações sobre os termos para o fim dos combates.

Na segunda-feira, antes de entrar na Casa Branca, Netanyahu se reunirá, como mencionado, com Marco Rubio e Steve Witkoff. As conversas devem abordar os detalhes do plano e a pressão americana e regional sobre o Hamas.

Donald Trump, Steve Witkoff (Foto: REUTERS/Brian Snyder)
Donald Trump e Steve Witkoff (Foto: REUTERS/Brian Snyder)

Irã: retorno à diplomacia ou intensificar a pressão?

A questão iraniana terá papel central na visita. Netanyahu deve exigir um endurecimento da postura americana em relação ao Irã, diante das tentativas do país de retomar seu programa nuclear. Por outro lado, Trump está considerando a possibilidade de reatar o diálogo diplomático com Teerã, em coordenação com Israel, para formular uma visão regional de dissuasão e prevenção da proliferação nuclear.

A Operação "Am Kalavi" (Leão Crescente), que expôs instalações sensíveis no Irã, ressaltou, segundo fontes israelenses, a necessidade de intensificar a pressão e preparar-se para impedir futuras tentativas de reconstrução por parte da República Islâmica.

Expansão dos Acordos de Abraão

Trump busca expandir os Acordos de Abraão para incluir novos países, entre eles Síria e Arábia Saudita, e aprofundar a integração econômico-política no Oriente Médio.

Durante o encontro com Netanyahu, espera-se uma atualização sobre os contatos com outros países árabes, junto a propostas de pacotes econômicos como incentivo para acordos políticos.

Segundo fontes diplomáticas, pode haver até mesmo o anúncio do avanço da primeira fase de um diálogo de segurança entre Israel e Síria, um passo que pode abrir caminho para a normalização das relações.

Cooperação de segurança e econômica

Entre os temas a serem discutidos estão novos acordos de armamentos, ajuda militar a Israel e a remoção de restrições sobre tecnologias militares avançadas.

Trump deve aprovar um acordo de armas no valor de 2,5 a 3 bilhões de dólares, que inclui munições de precisão, sistemas "Cúpula de Ferro" e tecnologias de inteligência.

Por sua vez, Netanyahu buscará a remoção de novas tarifas recentemente impostas às exportações israelenses, além de negociar um novo acordo comercial que facilite o trabalho dos exportadores de Israel.

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