Visita de Assad à China amplia papel de Pequim no Oriente Médio

Bashar Assad, presidente sírio, acena para seus apoiadores durante as eleições presidenciais em Douma, Síria, em 26 de maio de 2021 | Hassan Ammar/AP, Arquivo

A visita do líder sírio a Pequim, após 12 anos de guerra civil em seu país, marca um momento crucial, com a China potencialmente desempenhando um papel fundamental na futura reconstrução

O Presidente da Síria, Bashar al-Assad, fará uma visita à China ainda esta semana, marcando sua primeira viagem a Pequim desde o início do conflito de 12 anos em seu país, durante o qual a China tem sido um de seus principais apoiadores, conforme anunciado por seu escritório na terça-feira (19).

A China tem ampliado sua influência no Oriente Médio, após mediar um acordo em março entre a Arábia Saudita e o Irã, e continua a apoiar Assad no conflito sírio, que já causou a morte de meio milhão de pessoas e deixou vastas partes da nação em ruínas.

A China poderá desempenhar um papel importante no futuro da reconstrução da Síria, estimada em dezenas de bilhões de dólares. No ano passado, a Síria aderiu à Iniciativa Belt and Road da China, na qual Pequim expande sua influência em regiões em desenvolvimento por meio de projetos de infraestrutura.

O escritório de Assad anunciou que o Presidente Sírio foi convidado pelo líder chinês, Xi Jinping, a participar de uma cúpula e partirá para Pequim nesta quinta-feira (21), acompanhado de uma delegação síria de alto escalão.

A crise econômica em constante agravamento na Síria tem provocado protestos nas partes controladas pelo governo do país, principalmente na província do sul, Sweida. A Síria atribui a crise às sanções ocidentais e aos combatentes curdos apoiados pelos Estados Unidos, que controlam os maiores campos de petróleo do país no leste, próximo à fronteira com o Iraque.

Os contatos diplomáticos entre a Síria e outros países árabes se intensificaram após o terremoto de 6 de fevereiro que atingiu a Turquia e a Síria, causando a morte de mais de 50.000 pessoas, incluindo mais de 6.000 na Síria. Assad voou para a Arábia Saudita em maio, onde participou da cúpula da Liga Árabe dias após o restabelecimento da adesão da Síria à Liga de 22 membros.

Ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, à esquerda, conversa com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma reunião na pousada estatal Diaoyutai em Pequim, terça-feira, 18 de junho de 2019 | Fred Dufour/Pool via AP
Ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, à esquerda, conversa com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma reunião na pousada estatal Diaoyutai em Pequim, terça-feira, 18 de junho de 2019 | Fred Dufour/Pool via AP

Desde o início do conflito na Síria em março de 2011, com protestos pró-democracia que posteriormente se transformaram em uma guerra civil, o Irã e a Rússia têm ajudado Assad a recuperar o controle de grande parte do país.

A China usou seu poder de veto na ONU oito vezes para bloquear resoluções contra o governo de Assad, a última delas em julho de 2020. As autoridades chinesas também coordenam de perto com os serviços de segurança sírios sobre a presença de milhares de combatentes chineses que estão baseados na Síria, principalmente no último reduto rebelde na província noroeste de Idlib.

Desde 2013, milhares de uigures, uma minoria muçulmana de língua turca do oeste da China, viajaram para a Síria para treinar com o grupo militante uigur conhecido como Partido Islâmico Turquestão e lutar ao lado da al-Qaeda, desempenhando papéis importantes em várias batalhas. 

A última e única visita de Assad à China foi em 2004, um ano após a invasão liderada pelos EUA no vizinho Iraque e em um momento em que Washington estava exercendo pressão sobre a Síria.

O escritório de Assad informou que sua esposa, Asma, o acompanhará à China esta semana. Nos últimos anos, Assad fez várias viagens ao exterior, incluindo visitas à Rússia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Omã.

*Com informações do The Times of Israel

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