França e Arábia Saudita adotam nova e surpreendente ação contra o Hamas

Bin Salman, Emmanuel Macron (Foto: AFP)

O objetivo da iniciativa é permitir que o Hamas continue tendo algum papel político no futuro governo palestino, mas totalmente sem capacidade militar. As fontes acreditam que manter um certo poder político vai levar o grupo a entregar as armas

A França e a Arábia Saudita estão promovendo uma nova iniciativa diplomática cujo objetivo é desarmar o grupo terrorista Hamas, transformando-o em uma entidade apenas política, segundo reportagem da Bloomberg nesta quinta-feira, com base em fontes próximas ao assunto. Em resposta à notícia, uma fonte israelense afirmou: "Não é relevante e não vai acontecer".

De acordo com os relatos, autoridades sauditas já mantiveram contatos com líderes do Hamas como parte da iniciativa. Não se sabe se os franceses também conduziram conversas diretas com o grupo, que é classificado como organização terrorista tanto pela União Europeia quanto pelos Estados Unidos.

A iniciativa declarada tem como objetivo permitir que o Hamas continue a exercer um papel político específico no futuro governo palestino, ao mesmo tempo em que seja completamente desarmado de suas capacidades militares. Fontes avaliam que manter algum grau de poder político para o Hamas aumentaria as chances de o grupo aceitar se desarmar.

Vale lembrar que recentemente o assessor do presidente francês Macron deu uma entrevista exclusiva ao jornal "Maariv". A posição oficial de Israel permanece firme e clara: o desmantelamento total do Hamas e a remoção do grupo de qualquer posição de poder em Gaza.

Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu apresentou as condições de Israel para o fim da guerra: o retorno de todos os reféns, o desarmamento do Hamas e sua expulsão da liderança em Gaza.

As relações entre Israel e França estão tensas recentemente, principalmente devido à campanha liderada pela França para o reconhecimento de um Estado palestino. No próximo mês, acontecerá uma conferência da ONU em Nova York, liderada em conjunto pela França e pela Arábia Saudita, com o objetivo de angariar apoio para a solução dos dois Estados. Até agora, os EUA ainda não anunciaram se apoiarão a iniciativa.

Paralelamente às movimentações diplomáticas, sinais de crescente revolta entre os palestinos contra o governo do Hamas são evidentes. Centenas de palestinos protestaram na quarta-feira no sul de Gaza pelo terceiro dia consecutivo, gritando "Fora! Fora! O Hamas precisa sair". Alguns dos manifestantes chegaram a pedir que a Autoridade Palestina assumisse o controle de Gaza.

Tanto o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, quanto seu vice, Hussein al-Sheikh, têm pedido nos últimos dias que o Hamas e outras facções palestinas se desarmem em prol do objetivo maior do povo palestino.

Esta semana houve uma pressão sem precedentes sobre Israel vinda do Canadá, França e Reino Unido, que pediram para "parar o ataque militar renovado e remover as restrições à ajuda humanitária". O secretário de Estado americano, Marco Rubio, expressou otimismo quanto aos esforços contínuos para encerrar o conflito, afirmando: "Não podemos começar a proporcionar a vida que as pessoas que vivem ali merecem, livres do Hamas, até que isso termine."

A Coalizão para a Segurança Regional respondeu ao plano da França e Arábia Saudita:
"Um chamado de alerta para Israel acabar com a resistência política. As negociações entre os países são mais um alerta para o governo israelense — este é o momento de parar com a resistência política e cooperar com os parceiros regionais e os países ocidentais, que também querem o desarmamento do Hamas e a estabilidade regional. Em vez de continuar atolado no lamaçal de Gaza, por meio de acordos regionais será possível libertar os reféns, derrubar o governo do Hamas e criar uma nova realidade em Gaza e em toda a região do Oriente Médio. Governo de Israel, suba nesse trem regional, agora."

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