O Irã ameaçou nesta quinta-feira transferir seu material nuclear para locais não declarados, a fim de protegê-lo de um possível ataque militar de Israel
Por que isso importa: A ameaça, feita em uma carta oficial do ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, ao secretário-geral da ONU e ao diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sinaliza o risco de uma escalada sem precedentes na crise nuclear iraniana.
- Atualmente, a AIEA tem acesso e capacidade de monitorar os estoques de urânio enriquecido do Irã, que estão armazenados em locais declarados.
- Se esse material for transferido, será muito mais difícil saber se o Irã está ou não construindo uma arma nuclear.
O que está por trás da notícia: A ameaça surge após a CNN e o Axios reportarem que Israel vem se preparando para realizar um ataque rápido contra instalações nucleares iranianas, caso as negociações nucleares entre EUA e Irã fracassem nas próximas semanas.
- Uma fonte disse ao Axios que Israel acredita que sua janela de oportunidade para realizar um ataque bem-sucedido pode se fechar em breve.
O que eles disseram: "Diante da persistência das ameaças feitas pelos fanáticos sionistas, a República Islâmica do Irã não terá outra alternativa senão adotar medidas especiais para proteger suas instalações e materiais nucleares — cujos detalhes pertinentes serão posteriormente comunicados à AIEA", escreveu Araghchi.
Contexto: Araghchi e o enviado da Casa Branca, Steve Witkoff, realizarão nesta sexta-feira, em Roma, uma quinta rodada de negociações nucleares, com a mediação do ministro das Relações Exteriores de Omã.
- As negociações enfrentam um impasse: o Irã insiste que só assinará um acordo que permita capacidade de enriquecimento nuclear em território nacional, enquanto os EUA declararam que essa é uma linha vermelha intransponível.
- Segundo dois funcionários israelenses, o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o diretor da agência de inteligência Mossad, David Barnea, se reunirão com Witkoff em Roma, à margem das negociações nucleares.
- De acordo com esses funcionários, Dermer e Barnea estão viajando a Roma para alinhar posições com Witkoff e serem informados imediatamente após as conversas.
Panorama atual: Fontes israelenses afirmam que, nos últimos dias, a comunidade de inteligência israelense mudou sua avaliação: de acreditar que um acordo nuclear estava próximo, passou a considerar que as negociações podem fracassar em breve.
- Daí a urgência nos preparativos de Israel para um ataque rápido, caso o presidente Trump dê sinal verde.
- Um funcionário do governo dos EUA disse ao Axios que a administração Trump está preocupada com a possibilidade de o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu agir por conta própria, mesmo sem a aprovação de Trump.
- Trump conversou com Netanyahu na quinta-feira, e, segundo o comunicado israelense, ambos "concordaram sobre a necessidade de garantir que o Irã não obtenha armas nucleares".
Últimas atualizações: A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou em uma coletiva que Trump e Netanyahu discutiram "o possível acordo com o Irã, que o Presidente acredita estar avançando na direção certa".
- "Isso pode terminar em uma solução diplomática muito positiva ou em uma situação muito negativa para o Irã", disse ela.
O outro lado: Araghchi escreveu, em sua carta, que o Irã "tomará todas as medidas necessárias para proteger e defender seus cidadãos, interesses e instalações contra quaisquer ações terroristas ou de sabotagem".
- "O Irã adverte fortemente contra qualquer aventureirismo do regime sionista de Israel e responderá de forma decisiva a qualquer ameaça ou ação ilegal por parte desse regime. Também acreditamos que, se qualquer ataque for realizado contra as instalações nucleares da República Islâmica do Irã pelo regime israelense, o governo dos Estados Unidos será cúmplice e assumirá responsabilidade legal", escreveu o chanceler iraniano.
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