O impacto imediato seria uma disparada nos preços do petróleo, pressionando a inflação global
Fontes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos informaram à agência Reuters nesta semana que militares iranianos carregaram minas navais em navios no Golfo Pérsico após o ataque iniciado por Israel no Irã no último dia 13, medida que elevou a preocupação de Washington sobre um possível bloqueio do Estreito de Ormuz.
Mesmo após o anúncio de Donald Trump sobre um cessar-fogo total entre Israel e Irã, as tensões no Oriente Médio trouxeram à tona a ameaça do fechamento do ponto estratégico por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial. Após o ataque americano a instalações nucleares iranianas em 21 de junho, o Parlamento do Irã aprovou a possibilidade de bloquear a rota, o que gerou preocupação internacional sobre os riscos para o fluxo global de petróleo e para a economia mundial.
Segundo analistas militares citados por The Guardian e The Telegraph, o Irã possui arsenal e tecnologia suficientes para bloquear o estreito de diferentes formas. O método mais provável seria o lançamento de minas navais — dispositivos explosivos que podem ser espalhados rapidamente por submarinos iranianos, como os modelos russos Kilo e os Ghadir, de fabricação nacional. Além disso, o Irã poderia empregar baterias de mísseis antinavio posicionadas ao longo da costa, lanchas rápidas armadas e drones marítimos, tornando a travessia ainda mais arriscada para navios cargueiros e petroleiros, dificultando o trabalho das marinhas estrangeiras que atuam na região.
Conforme dados da U.S. Energy Information Administration (EIA), cerca de 20% do petróleo consumido mundialmente — aproximadamente 20 milhões de barris por dia — passa pelo Estreito de Ormuz, além de um quinto do comércio internacional de gás natural liquefeito.
O impacto imediato seria uma disparada nos preços do petróleo, pressionando a inflação global. Países asiáticos como China, Índia, Japão e Coreia do Sul dependem fortemente da rota, assim como nações do Golfo, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait e o próprio Irã. Os Estados Unidos, apesar de serem menos dependentes atualmente, ainda importam cerca de 7% do seu petróleo bruto via Ormuz.
Autoridades americanas, como o secretário de Estado Marco Rubio, alertaram que o fechamento do estreito seria um "suicídio econômico" para o próprio Irã, já que prejudicaria suas exportações e atingiria principalmente a China, seu maior comprador.
No Brasil, um eventual fechamento do Estreito de Ormuz teria impacto imediato sobre os preços dos combustíveis, já que o petróleo comercializado no país segue as cotações internacionais. Como o Brasil adota a política de paridade de importação, aumentos no valor do barril no mercado global rapidamente se refletem nas bombas de gasolina, no diesel e no gás de cozinha, pressionando ainda mais a inflação e o custo de vida dos brasileiros.
Ao longo dos anos, o Irã ameaçou em diferentes ocasiões fechar a rota estratégica, no entanto nunca chegou a tomar a decisão de fato. Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, o carregamento das minas pode ter sido parte de um estratagema dos iranianos para enganar Washington sobre a intenção de Teerã em bloquear o Estreito de Ormuz.
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