"Zero armas nucleares = temos um acordo. Zero enriquecimento = NENHUM acordo"
O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr bin Hamad al Busaidi, anunciou nesta sexta-feira (23) o fim da quinta rodada de negociações nucleares entre os Estados Unidos e o Irã "com um progresso inconclusivo".
"A quinta rodada de conversas entre o Irã e os EUA terminou hoje em Roma, com um progresso inconclusivo. Esperamos esclarecer as questões pendentes nos próximos dias para avançar em direção ao objetivo comum de chegar a um acordo sustentável e honroso", disse Al Busaidi em uma mensagem em seu perfil oficial no X.
O ministro das Relações Exteriores de Omã, que atua como intermediário entre os dois lados, não anunciou, no entanto, uma nova data para as negociações, que nesta sexta-feira foram realizadas na residência do embaixador de Omã, em Roma.
Sua mensagem veio depois que o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, afirmou que o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, havia se retirado da quinta rodada, mas que as negociações entre autoridades dos dois países continuaram.
Baghaei disse à agência de notícias oficial iraniana Irna que Witkoff partiu porque tinha "um voo planejado" e que as negociações continuaram entre autoridades de ambos os lados "em uma atmosfera profissional e tranquila".
Irã e Estados Unidos chegaram a esta nova rodada de suas negociações nucleares muito distantes devido às diferenças sobre o enriquecimento de urânio por parte de Teerã, que Washington quer interromper.
Os Estados Unidos assinalaram o "enriquecimento zero" do Irã como sua "linha vermelha", enquanto o Irã sustenta que não haverá acordo se essa exigência for mantida, algo que reiterou hoje.
"Zero armas nucleares = temos um acordo. Zero enriquecimento = NENHUM acordo", destacou no X o ministro das Relações Exteriores e negociador-chefe do Irã, Abbas Araqchi, antes de partir para Roma.
Depois do encontro, Araqchi afirmou que "há uma possibilidade de progresso" nas negociações nucleares, que as questões debatidas são "muito complexas" para serem resolvidas em algumas reuniões e que encontros futuros podem levar a "possíveis soluções". "Ainda não chegamos a esse estágio", declarou, destacando que Omã sugeriu soluções e ideias.
As tensões entre os dois países aumentaram depois que Witkoff disse à emissora ABC no domingo que o enriquecimento de urânio por parte do Irã é uma linha vermelha para Washington.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, qualificou na terça-feira como "bobagem" e "tolice" a posição dos EUA sobre o enriquecimento de urânio e previu que as negociações com seu arqui-inimigo não levarão a lugar nenhum.
Apesar dessas tensões, o Presidente dos EUA, Donald Trump, acredita que as negociações nucleares com o Irã estão avançando "no caminho certo", segundo disse ontem a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que destacou que o republicano discutiu essas negociações em uma ligação com o Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
EUA e Irã iniciaram suas negociações em 12 de abril e haviam realizado seu último encontro em 11 de maio, que ambos os lados descreveram como "animador" e "útil".
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